São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Para teens, horas on-line podem ser tempo bem gasto

Por TAMAR LEWIN

Uma boa notícia para pais preocupados: aquelas horas todas que os adolescentes passam na internet não são algo negativo, segundo estudo da Fundação MacArthur com jovens americanos.
“Pode parecer que os adolescentes perdem muito tempo nas novas mídias, seja no MySpace ou enviando mensagens instantâneas”, disse Mizuko Ito, pesquisadora do estudo “Vivendo e Aprendendo com Novas Mídias”. “Mas isso os está dotando de habilidades tecnológicas necessárias para o sucesso no mundo contemporâneo. Eles estão aprendendo a lidar com outras pessoas, a administrar uma identidade pública, a criar uma home page.”
Pesquisadora do departamento de informática da Universidade da Califórnia em Irvine, Ito disse que parte da preocupação dos pais com o perigo da socialização na internet pode ser fruto de uma percepção equivocada. “O medo em relação a predadores na internet e o perigo do contato com estranhos podem ter sido exagerados”, disse ela. “Existe alguma confusão quanto a o que os adolescentes realmente fazem on-line. Na maior parte do tempo, eles mantêm contato social com seus amigos, pessoas que conheceram na escola, em atividades esportivas ou acampamentos.”
Parte de um projeto de US$ 50 milhões sobre aprendizado digital e mídia, o estudo observou jovens por mais de 5.000 horas.
Devido à percepção comum entre adultos de que a socialização na internet é uma perda de tempo, diz o estudo, os adolescentes relataram muitas restrições dos pais às suas atividades on-line, mas a maioria deles encontrou maneiras de driblar essas barreiras. “Os jovens geralmente têm uma ‘comunidade íntima em tempo integral’ com a qual se comunicam por celular e mensagens instantâneas. Ficam plugados o tempo inteiro”, disse o estudo.
Isso não é novidade para um grupo de adolescentes de Nova York que se reuniu após a aula para falar de seus hábitos sociais. Todos usam MySpace e serviços de mensagens instantâneas todas as noites.
“Ligo meu computador assim que chego em casa”, contou um garoto de 15 anos que há quatro tem sua página no MySpace. “Meu MySpace fica sempre ligado. Quando recebo uma mensagem no MySpace, ele envia uma mensagem a meu telefone. Não é uma obsessão —é uma necessidade.”
Do grupo, apenas uma garota de 14 anos, desistiu de relacionar-se socialmente on-line —e seu esforço durou apenas uma semana. “Não funcionou”, disse ela. “Você se vicia. Não consegue mais viver sem isso.”
A socialização on-line está presente entre todos os adolescentes entrevistados, mas o estudo constatou que muitos deles passam em seguida por um período de exploração, procurando informações on-line, customizando games ou experimentando com a produção de mídia digital. Os casos que os pesquisadores descreveram como “virando geek” são os dos adolescentes que fazem o uso mais intensivo da internet, mergulhando em uma área especial de interesse, freqüentemente em conexão com um grupo de interesse on-line.
“As novas mídias dão ao jovem um grau de liberdade e autonomia que é menos aparente na sala de aula”, diz o estudo. “Eles respeitam a autoridade uns dos outros on-ine e se mostram mais motivados a aprender com seus pares do que com adultos.”

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