São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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CONSUMO: FESTAS DE FIM DE ANO

Novos embrulhos serão mais fáceis de abrir


Alguns consumidores precisam apelar à tesoura para abrir seus pacotes

Por BRAD STONE e MATT RICHTEL

SAN FRANCISCO - Vários varejistas e fabricantes prepararam um presente para os consumidores natalinos: embalagens mais fáceis de abrir.
Empresas como Amazon.com, Microsoft e Best Buy começaram a criar alternativas às embalagens irritantes de plástico selado e aos fechos cruelmente complexos que tornam artigos como eletrônicos e brinquedos quase impossíveis de abrir sem a ajuda de facas ou tesouras.
As embalagens inexpugnáveis suscitam frustração tão grande entre os consumidores que um termo foi cunhado na indústria: a "fúria da embalagem". Todos os anos, cerca de 6.000 americanos passam pelo setor de emergência de hospitais com ferimentos provocados ao cortar ou apunhalar embalagens para abri-las, revelou a Comissão de Segurança de Produtos ao Consumidor.
"Eu não deveria ser obrigado a começar a manhã de cada Natal armado de alicate de ponta e cortador de arame", disse Jeff Bezos, fundador da Amazon.com. "E mesmo com as ferramentas, levo dez minutos para abrir cada pacote."
Em novembro, Bezos prometeu liderar a investida numa nova era de recipientes não-hostis. Na iniciativa "embalagens livres de frustração" da Amazon, que envolve a Mattel, sua subsidiária Fisher-Price, a Microsoft e a fabricante de eletrônicos Transcend, as empresas vão enviar à Amazon alguns de seus produtos mais procurados em caixas de papelão com as quais o consumidor não precisará brigar. Bezos espera vender todos os produtos da Amazon nessa embalagem amiga do consumidor e ecológica -uma meta que levará anos para ser realizada.
A campanha é relativamente fácil para a Amazon porque ela não precisa se preocupar com a aparência dos produtos nas prateleiras de lojas, nem com a possibilidade de eles serem roubados das embalagens.
Mas mesmo empresas que não atuam online estão aderindo ao movimento. A Microsoft recentemente divulgou uma embalagem incomum para o mouse Explorer, que vende nas lojas Best Buy. Normalmente, à primeira vista, o mouse parece estar preso dentro da embalagem. Mas esta, na realidade, tem um zíper de plástico de cada lado "segundo a Microsoft, inspirado nas embalagens de produtos alimentícios", com setas azuis que orientam os compradores para que possam abrir o produto com facilidade.
Enquanto isso, a Sony deu início a um ambicioso projeto interno que batizou em tom otimista de "morte à embalagem de plástico selada", visando acabar com os recipientes de plástico duro selados fortemente. A empresa está desenvolvendo três protótipos de embalagem que pretende testar nos próximos meses nas lojas Best Buy e Wal-Mart. Um deles utiliza um adesivo fácil de abrir, mas que faz um barulho alto, semelhante ao do velcro, ao ser aberto, para minimizar a ação de ladrões.
"Nenhum de nós quis intencionalmente dificultar a vida dos consumidores', disse Mike Fasulo, executivo-chefe de marketing da Sony. Na realidade, quando empresas como a Sony adotaram as embalagens hermeticamente fechadas, o fizeram com a melhor das intenções.
Uma década atrás, quando brinquedos e bens de consumo eletrônicos se tornaram mais complexos, os varejistas decidiram atrair a atenção dos consumidores expondo os artigos nas prateleiras dentro de embalagens de plástico transparente, em lugar de caixas opacas. Para fazê-lo e ao mesmo tempo proteger os artigos, decidiram selar as dobradiças dos recipientes com resina dura, resistente a furtos.
A maioria dos consumidores sabe o que aconteceu a seguir. Houve os ferimentos, é claro. E os fabricantes de ferramentas encontraram um mercado crescente para implementos com lâminas próprias para abrir as embalagens seladas, com nomes como Cirurgião Plástico e Tubarão das Embalagens.
Para consumidores como Lisa Martin, de Chicago, essas embalagens levam seus dois filhos a se perguntar por que os adultos estão apunhalando seus presentes com tesouras nos aniversários.
"Entendo o conceito de combater os furtos. Mas, quando você demora para abrir o que comprou, é demais", disse Martin.


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