São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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"Troca transatlântica" mantém táxis históricos nas ruas

Por A. G. SULZBERGER
Mais de uma década depois de o último táxi Checker ter saído de operação em Nova York, uma pequena coleção dos inconfundíveis carros amarelos, com seus taxímetros mecânicos e direção do lado esquerdo, é vista hoje nas ruas de Londres. E, do mesmo modo, uma coleção de táxis pretos antigos, de estilo conservador e ultrapassado, encontrou um lar em Nova York.
Por trás dessas frotas transplantadas está o relacionamento entre dois homens com interesses pessoais e comerciais que se sobrepõem, nichos automotivos idênticos, mas inversos, e uma amizade que atravessa 5.600 quilômetros.
Há mais de dez anos os dois homens -Ray Tomkinson, de Manchester, Reino Unido, e Alvaro Gallego, de Queens, em Nova York, ambos empreendedores do setor dos táxis com predileção por veículos "vintage"- vêm trocando esses veículos que parecem marcas registradas de seus países (além de modelos modernos, peças e outros tipos de parafernália ligados a táxis) de um lado a outro do oceano Atlântico.
"Basicamente, não há dinheiro envolvido nas trocas", disse Tomkinson. "Apenas pagamos pelo transporte dos veículos um do outro, e os táxis atravessam de um lado a outro do Atlântico."
Tomkinson, que assumiu a direção da empresa de táxis de sua família, em Manchester, no início dos anos 70, formou uma grande coleção de táxis antigos de vários lugares do mundo. Gallego, imigrante colombiano e ex-taxista, há 38 anos dirige uma empresa que conserta taxímetros. E coleciona veículos como hobby.
Os carros deles são alugados para filmagens e campanhas promocionais -como quando a British Airways alugou um dos táxis Checker de Tomlinson para andar por Londres e um dos táxis londrinos pretos de Gallego para percorrer Nova York, fazendo publicidade dos voos entre as duas cidades.
Os dois homens fazem negócios juntos há cerca de 12 anos, mas nunca se encontraram. "Eu o considero meu amigo", disse Gallego. "Temos paixão pelo que fazemos."
Os designs dos táxis Checker e pretos, que se mantêm praticamente iguais desde a década de 1950, viraram símbolos de suas respectivas cidades. Mas esse design, que levou gerações de passageiros a ter um apreço tão grande pelos táxis, também elevou os custos dos veículos e reduziu sua eficiência energética.
O Checker, que chegou a ser o modelo de táxi mais comum em Nova York, teve sua produção encerrada em 1982, quando não conseguiu mais competir com veículos de passageiros convertidos em táxis. O táxi preto ainda representa a grande maioria dos táxis da frota londrina, embora sinta a pressão da concorrência de modelos mais novos.
Gallego e Tomkinson falam com orgulho dos táxis que trocaram. "É bom ver esses modelos antigos não se aposentando", disse Tomkinson. "De alguma maneira, ainda estão ganhando vida."


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