São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

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Marcas de aspecto conhecido abundam na Índia

Por HEATHER TIMMONS

NOVA DÉLI - Os varejistas estão afluindo para a Índia graças a uma economia que continua crescendo e uma população jovem, ávida para assimilar novas marcas. Mas algumas marcas ocidentais -depois de vencer as barreiras regulatórias para entrar no mercado indiano- podem ter uma desanimadora sensação de familiaridade.
Por exemplo, a Timberland, fabricante de botas para caminhadas e outros artigos para atividades ao ar livre, identificável por seu logotipo com uma árvore e por seus sapatos robustos e duráveis, encontrará a Woodland, que vende sapatos e roupas semelhantes e tem como logotipo uma árvore.
A rede de iogurtes Pinkberry, de Los Angeles, encontrará na Índia a Cocoberry, um comerciante de "frozen yogurt" com um logotipo parecido e uma linha semelhante de doces e coberturas de frutas frescas.
A Woodland não é uma operação pequena. Tem 230 lojas em toda a Índia e 50 em construção e é uma âncora frequente nos shopping centers. Isso poderá prejudicar a planejada expansão da Timberland na Índia, potencialmente confundindo possíveis clientes e afetando as vendas.
Os EUA há muito discutem os direitos de propriedade intelectual com a China, onde falsificadores produzem versões de bolsas de grife e iPhones (fabricantes já fizeram até veículos inteiros idênticos aos estrangeiros). Mas, enquanto as marcas veem a Índia como uma das poucas oportunidades de crescimento em um mercado global anêmico, companhias e governos protestam contra a falta de proteção à propriedade intelectual.
O secretário do Comércio dos EUA, Gary Locke, disse a um grupo de executivos indianos em visita a Washington no mês passado: "As empresas americanas precisam de garantias de que quando forem à Índia poderão operar em um ambiente seguro e confiável para a propriedade intelectual".
Questionado sobre a inspiração da Woodland, Harkirat Singh, diretor-gerente da companhia de sapatos, disse que não se deve fazer a suposição de que "só porque o nome parece semelhante" a Woodland copia a Timberland. Existe uma "similaridade", ele admitiu, "mas nossa linha é muito diferente da deles".
Singh disse acreditar que a entrada da Timberland na Índia poderá ajudar, e não prejudicar, seus negócios. As marcas estrangeiras "trazem ao país mais consciência sobre calçados de qualidade", disse. Então os consumidores indianos "compram nosso produto porque dá mais valor ao dinheiro".
Robin Giampa, porta-voz da Timberland, disse que "a imitação de várias marcas valiosas e conhecidas da Timberland é uma preocupação". A empresa está abordando a "pirataria de marca" da Woodland pelos processos legais adequados na Índia, agregou.
Se isso terá sucesso, não está claro. "Nossos tribunais reconheceram que não se pode ter uma abordagem isolada da lei de marcas comerciais", disse Gayatri Roy, advogado do escritório Luthra & Luthra, em Nova Déli, o que significa que os juízes muitas vezes decidiram que marcas conhecidas em todo o mundo não podem ser copiadas por outros na Índia.
Nesses casos, os tribunais indianos decidiram a favor das empresas Whirlpool, Dunhill e Volvo, entre outras. No caso da Timberland e da Woodland, porém, talvez seja difícil para a primeira provar que deve ser protegida, disse Roy. Afinal, a Woodland está em operação desde 1992 e já criou uma identidade própria, segundo ela.


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