São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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LENTE

Ideias para um mundo pequeno

Vivemos numa era de encolhimento. Economia, jornais, empresas e salários -todos estão ficando menores. Mas nem todo encolhimento é ruim. Depois de décadas em que as pessoas foram movidas pelo desejo de adquirir coisas maiores e melhores, hoje parece que o pequeno, o eficiente e o descomplicado ajudarão a evitar o próximo grande inchaço.
Assim, o minúsculo voltou à moda, e, na Índia, o minúsculo chega sobre quatro rodas do tamanho de pratos rasos. O Nano, da Tata, carro compacto vendido por cerca de US$ 2.000, é o carro mais curto (310 centímetros) para quatro passageiros à venda na Índia, escreveu Heather Timmons, do "New York Times". Produzir carros pequenos com motores eficientes é algo que também a Chrysler espera aprender, com a Fiat, sua provável próxima proprietária.
As mercearias também estão encolhendo. A ideia é atrair consumidores que têm pouco tempo e não querem pagar muito e percorrer longos corredores de supermercados, escreveu Andrew Martin, do "New York Times". O maior avanço em lojas desse tipo está vindo da rede varejista britânica Tesco, mas as redes alemãs Lidl e Aldi têm ampliado sua presença em Europa e EUA.
"As pessoas gastam em média 22 minutos fazendo compras de alimentos", disse Phil Lempert, editor do site "Supermarketguru", que rastreia tendências do varejo. "Não há tempo para olhar 30 mil ou 40 mil produtos. Estamos ingressando numa era em que as pessoas querem menos variedade."
Não só as lojas estão encolhendo -o mesmo ocorre com seus produtos. A obsessão americana por tamanhos extragrandes está dando lugar a tamanhos menores, escreveu Martin. Com o objetivo de contrapor-se aos custos crescentes dos ingredientes e transportes, alguns fabricantes de alimentos vêm reduzindo os tamanhos de embalagens de produtos como cereais, batatas fritas e barras de chocolate.
Claudia Deutsch, do "New York Times", escreveu que mais empresas vêm reduzindo as embalagens, também em resposta a preocupações ambientais. O Wal-Mart está pressionando seus 66 mil fornecedores a livrar-se das embalagens em excesso. Os produtos que a rede vende terão menos papelão, plástico e embalagens impermeáveis.
A redução atinge também o papel. Os catálogos de Sotheby's e Christie's antes eram "gigantescos, com centenas de páginas", escreveu Carol Vogel no "New York Times". Agora, as casas de leilões querem catálogos menores e mais finos. E, para os próximos leilões, os clientes da Sotheby's receberam uma versão eletrônica do catálogo em pen drive.
Menos páginas significam menos palavras, e é essa a tendência no mundo das mensagens de texto, das atualizações no Facebook e do serviço de microblogging Twitter, em que a regra é enviar mensagens de 140 caracteres ou menos. Como a contagem de caracteres tem importância nesses sites, ferramentas como encurtadores de URL vêm ganhando popularidade, escreveu Jenna Wortham no "New York Times". Serviços como TinyURL.com e Bit.ly, que abreviam endereços eletrônicos grandes em links pequenos, estão ampliando seus negócios graças ao desejo geral de encolher.
Parece que há muitas coisas que podem ser condensadas. Maureen Evans, da Irlanda do Norte, envia receitas por Twitter, comprimindo ingredientes, ações e temperaturas "no máximo de sabor, densidade e clareza", escreveu Lawrence Downes no "New York Times". "Um prato, uma refeição, uma viagem à delícia, tudo magicamente embalado na menor sacola possível."
E, hoje em dia, uma sacola pequena é realmente tudo o que podemos carregar.


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