São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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EUA viram modelo para muçulmanos na França

Por SCOTT SAYARE
BONDY, França - Os moradores deste subúrbio pobre e multirracial de Paris se dizem abandonados.
Alegam que há 30 anos as autoridades tratam como delinquentes os habitantes de Bondy e de outros bairros parecidos, ignorando seu potencial.
Não é assim, notam eles, que faz o Departamento de Estado dos Estados Unidos.
"Estamos esperando o presidente da República, seus ministros", disse Gilbert Roger, o prefeito de Bondy, "e vemos o embaixador dos Estados Unidos".
A embaixada americana em Paris tem formado diversas parcerias com governos locais, ONGs, empreendedores, estudantes e líderes culturais nesses turbulentos redutos de imigrantes.
A atuação nas "banlieues" (subúrbios) começou depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, como parte dos esforços para melhorar a imagem dos EUA junto aos muçulmanos, e cresceu em escala e visibilidade depois da eleição de Barack Obama.
Vivem na França 5 a 6 milhões de muçulmanos, a maior população islâmica da Europa, e as "banlieues" há muito tempo são consideradas como potenciais incubadoras do chamado extremismo religioso.
Mas o sentimento antiamericano, outrora disseminado, parece ter sido praticamente erradicado desde a eleição de Obama, que provou ser um símbolo de esperança por aqui.
A embaixada patrocina projetos de recuperação urbana, eventos culturais e conferências.
Desde a eleição de Obama, ajuda também a organizar seminários para políticos das minorias, preparando-os para lidar com estratégia eleitoral, arrecadação de doações e comunicação.
Um programa que anualmente envia 20 a 30 empreendedores e políticos promissores da França para passar várias semanas nos EUA agora inclui participantes das minorias, especialmente muçulmanos.
Aziz Senni, 34, criou uma empresa de táxi e um fundo de investimentos voltado para o estímulo econômico às "banlieues", onde ele foi criado. Muçulmano nascido em Marrocos, Senni viajou para os EUA em 2006 como participante do programa de intercâmbio.
Ele falou da sensação de ser "estigmatizado" pelos líderes franceses.
A lei que proíbe as mulheres de cobrirem o rosto com véus, um "debate sobre a identidade nacional" promovido pelo governo e a recente proposta de revogar a cidadania francesa de certos criminosos "de origem estrangeira" foram fatos amplamente recebidos como ataques aos imigrantes e aos muçulmanos presentes aqui.


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