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São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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LARRY HARLOW

Um "judeu maravilhoso" destaca o ritmo da salsa de Nova York

"Larry é um gringo com clave, alguém que entende e respeita nossa música, além de saber ser inovador."

Por LARRY ROHTER
Larry Harlow é conhecido, há mais de 40 anos no mundo da música latina, pelo apelido carinhoso de "El Judío Maravilloso" (o judeu maravilhoso). Ele é pianista, compositor, produtor e arranjador que possui um feeling certeiro para a clave, a fórmula rítmica em cinco batidas da música latina, e um ouvido para captar sucessos.
Harlow ajudou a criar o som da Fania Records, que acabou por definir a salsa; além disso, descobriu e moldou as carreiras de muitos dos maiores astros do gênero, como o cantor Ismael Miranda. Seu próprio trabalho para o selo varia desde números dançantes cheios de ritmo até uma suíte ambiciosa intitulada "La Raza Latina".
"Larry é um gringo com clave, alguém que entende e respeita nossa música, além de saber ser inovador", disse o cantor e ator panamenho Rubén Blades, que já cantou com a banda de Harlow.
Nascido com o nome de Lawrence Ira Kahn, Harlow, 71, vem de uma família de músicos com raízes no Brooklyn. Sua mãe era cantora de ópera; um de seus avôs tocava piano em filmes mudos e no teatro iídiche, e seu pai, bandleader e artista do teatro de revista, durante muitos anos comandou a banda da boate Latin Quarter.
"Fui criado nos bastidores da boate", disse Harlow.
Ele diz que seu fascínio com a música latina começou quando era adolescente e ouvia "essa música estranha que saía de bodegas e de bares e lojas de discos comandadas por famílias", enquanto andava até a escola.
Harlow acabou embarcando para Havana, onde fazia aulas de música durante o dia e frequentava clubes e salões de baile à noite.
Retornando a Nova York no momento em que Fidel Castro chegava ao poder, formou sua orquestra, que tinha um som distinto de metais, juntando trompetes e trombones com seu piano percussivo.
Quando a Fania Records foi fundada, em 1964, o bandleader dominicano Johnny Pacheco, co-fundador da gravadora, procurava talentos novos, viu a banda de Harlow se apresentando e imediatamente fechou contrato com ele.
"Fiquei pasmo", contou Pacheco. "Ele realmente era 'el judío maravilloso'."
Harlow fez mais de 40 discos com a Fania e produziu outros 200 discos para outros artistas. Além disso, supervisionou a produção de "Our Latin Thing", documentário de 1972 que levou a salsa em estilo da Fania ao conhecimento do público global.
Sua campanha pelo reconhecimento maior da música latina no prêmios Grammy o levou a receber da organização um prêmio pelo conjunto de sua obra, em 2008.
"Cresci com o rock'n'roll, mas foi na faculdade que muitos de nós, latinos, descobrimos nossas raízes, e Harlow estava presente para nós enquanto o fazíamos", contou Agustín Gurza, crítico de música e historiador, ativo em Los Angeles, que escreveu o texto que acompanha um gravação relançada da suíte "Raza Latina".


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