São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Academia busca ideias lucrativas

Por BOB TEDESCHI

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) está na vanguarda de um movimento no qual universidades americanas e investidores colaboram para assegurar que ideias promissoras dos acadêmicos sejam nutridas e transformadas em bem-sucedidas novas empresas.
Por intermédio do seu Centro Deshpande para a Inovação Tecnológica, uma entidade do MIT originalmente bancada por investidores privados, a universidade está oferecendo aos acadêmicos uma ponte para o mundo empresarial.
À primeira vista, centros como esse parecem versões acadêmicas das incubadoras de negócios. Mas as universidades se envolvem num estágio muito mais prematuro do que as incubadoras.
Em vez de oferecer o dinheiro inicial para negócios que já têm um produto e os empregados, como costumam fazer as incubadoras, as universidades estão colhendo as ideias promissoras dos seus corpos docentes e tentando encontrar investidores interessados em explorar sua viabilidade comercial.
No jargão da academia, esse casamento ocorre em "centros de prova de conceito", que estão entre as várias novas abordagens para a comercialização da pesquisa universitária de maneira mais eficiente e resoluta -impedindo que boas ideias morram no chão do laboratório.
O primeiro centro de prova de conceito, o Centro William J. Von Liebig, foi aberto em 2001 na Universidade da Califórnia, em San Diego. O centro já ajudou na criação de 26 empresas, que geraram mais de 180 empregos e atraíram mais de US$ 87 milhões em financiamento.
Entre essas empresas estão a Mushroom Networks, desenvolvedora de tecnologia para vídeos on-line, e mais recentemente a Biological Dynamics, fabricante de uma tecnologia de diagnóstico precoce do câncer.
"Muitas grandes ideias ficam paradas nos laboratórios porque os cientistas não têm acesso ao tipo de ecossistema" que o Deshpande e outros centros de prova de conceito oferecem, segundo Amy Salzhauer, fundadora da Ignition Ventures, firma de investimento que trabalha com cientistas para montar empresas. "Esta é uma forma de melhor colher essas ideias."
Embora os centros Von Liebig e Deshpande sejam os mais notáveis casos de sucesso, coisas semelhantes estão ocorrendo em outras escolas dos EUA, como a Universidade de Utah, a Georgia Tech, a Universidade do Kansas e a Universidade do Sul da Califórnia.
É uma proposta cara. Sem incluir o custo da tecnologia, os investidores podem gastar cerca de US$ 250 mil para avaliar se uma ideia vai mesmo dar em algo vendável, segundo Salzhauer.
No MIT, o professor de engenharia mecânica Douglas Hart desenvolveu um scanner oral que resultou em uma nova empresa, a qual acabou vendida a investidores por US$ 95 milhões em 2006. Agora, Hart desenvolveu um scanner em 3D com o qual pretende melhorar a atual geração de fones de ouvido e aparelhos de audição.
Ele espera em breve fechar uma verba de US$ 1,5 milhão para estabelecer uma empresa que venda a nova tecnologia. "Eu não saberia nem por onde começar a fazer isso tudo", afirmou Hart. "O pessoal do Centro Deshpande me guiou."


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