São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

Emergente Indonésia necessita de reparos

Por AUBREY BELFORD
JACARTA - Há alguns anos considerada retardatário na região, a Indonésia cresceu 6,1% no último ano e se tornou a preferida dos mercados. Quanto mais cresce a atenção no país, maior também o número de observações sobre os defeitos que podem restringir o crescimento futuro.
A Indonésia, com população de 240 milhões, sofre com corrupção, ineficiência, e o mais importante, para os economistas, sua infraestrutura é ainda precária.
"Sem evolução na infraestrutura, não considero que crescimento acima de 5% seja sustentável", disse Muhammad Chatib Basri, economista da Universidade da Indonésia. O investimento estrangeiro cresceu 52% em 2010, chegando aos US$ 16,2 bilhões. A agência de risco Standard&Poor´s aumentou a nota de sua dívida para BB+ em abril, somente uma classificação abaixo do chamado grau de investimento.
O aumento da nota das agências de risco é considerado reflexo da política fiscal do presidente Susilo Bambang Yudhoyono. Espera-se fortemente que o país consiga o grau de investimento no próximo ano, o que o colocaria ao lado de emergentes de peso, como China, Índia e Brasil.
O Banco Central da Indonésia prevê que a economia cresça 6,5% neste ano, baseada na forte demanda do mercado consumidor doméstico e na explosão observada nas exportações de commodities. Mas Basri disse que isso não é o suficiente. Para a Indonésia se desenvolver, é preciso atrair o investimento para indústrias que exijam mão de obra intensiva no lugar de enfocar na exportação de commodities, como óleo de palmeira e carvão, atividades que criam poucos empregos.
Portos e aeroportos estão antiquados e ineficientes, enquanto apagões de eletricidade são frequentes, causando problemas para as casas e os negócios. Essas panes em Jacarta resultam em prejuízo para a economia de US$ 1,5 bilhão por ano. Planos para melhorar a infraestrutura não dão certo, muito por causa da dificuldade de adquirir terrenos. Mas essa situação deve mudar, pelo menos é o que se espera, já que uma tão aguardada lei sobre aquisições de terrenos tornará mais fácil desapropriar para instalar projetos de infraestrutura. A expectativa é que a Casa dos Representantes aprove tal legislação ainda neste ano.
O presidente do Escritório de Coordenação dos Investimentos, Gita Wirjawan, disse que a mudança, ao lado dos esforços contra outro castigo para o povo indonésio, a corrupção, significa que as regras estarão, em breve, muito mais claras para o aumento do investimento em infraestrutura e indústria.
"Nós não somos como a China", disse. "Não tomamos decisões como a China". A Indonésia é "uma democracia, uma democracia jovem que tenta entender como colocar as diferentes peças do quebra-cabeça juntas".
Wirjawan apontou para o último investimento para voltar à sua análise de que o capital estrangeiro está apostando em outros setores que não sejam o primário: US$ 13,2 bilhões dos US$ 16,2 bilhões de investimento estrangeiro foram direcionados para indústrias de transporte, alimentação e manufaturados.
A Indonésia, ele disse, está em um "momento doce" demograficamente, com cerca de 60% da população com 39 anos ou menos, oportunidade que se manterá pelos próximos 15 anos. Para Fauzi Ichsan, economista do banco Standard Chartered, a Indonesia continua sendo um destino atrativo, apesar das evidentes deficiências.
"Mesmo que o desenvolvimento da infraestrutura esteja lento, os outros dois pilares da economia -consumo doméstico e exportação de commodities- estão bem", disse. Para alguns, o momento está ótimo. Taufik, motorista do táxi motocicleta, também chamado de ojek, disse que sua remuneração depende de cidadãos frustrados com o transporte que querem economizar tempo no trânsito.
"O congestionamento é ótimo, pois aumenta nosso número de clientes", disse Taufik, que, como muitos indonésios, usa somente um nome. E, em relação ao projeto de monotrilho planejado para algum tempo no futuro, ele ri, sem acreditar na possibilidade. "É provável que nunca saia do papel".


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