São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

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ENSAIO

Quando o escritório é um redemoinho de maldade


No trabalho, raiva e hostilidade podem ser contagiosas

ROBERT I. SUTTON

Há alguns anos, uma executiva do Vale do Silício que chamarei de Ruth me contou sobre o trabalho em escritório "baixo astral". Ruth disse que colegas a menosprezavam, a interrompiam e a olhavam com raiva.
A maldade não era dirigida somente a Ruth; eles se tratavam com desdém e desrespeito. Mesmo entre as pessoas mais resistentes, os locais de trabalho infestados de imbecis podem cobrar um preço. Como o psicólogo Roy Baumeister e seus colegas demonstraram em seu artigo "Mau é mais forte que bom", pessoas e eventos negativos colocam um peso desproporcionalmente grande em nossos estados de espírito, bem-estar, saúde física e relacionamentos.
A maldade generalizada não apenas danifica as pessoas, aumenta os custos e mina o desempenho, ao expulsar bons funcionários. As pessoas reagem a chefes e colegas de trabalho mal-educados e desrespeitosos declarando-se doentes com maior frequência, fazendo menos sugestões, trabalhando menos e executando trabalho de menor qualidade.
Uma pessoa desagradável pode derrubar um grupo inteiro: a raiva e a hostilidade são contagiosas. Quando perguntei a Ruth como ela havia mantido sua sanidade, ela me contou sobre o conselho que tinha recebido na adolescência de um guia de rafting: se você cair do bote, não lute contra a corredeira. Confie no seu colete salva-vidas e flutue com os pés para a frente. Se você for atirada contra as rochas, pode usar os pés para se proteger e empurrar.
Essa estratégia de redemoinho permitiu que Ruth sobrevivesse a esses encontros malignos cerca de 30 anos depois. Quando os ataques pessoais, olhares tortos e acusações começaram, ela estendeu os pés a sua frente embaixo da mesa e disse: "Acabo de ser jogada para fora do barco por esses idiotas, mas sei como sobreviver". A estratégia de Ruth funcionou, pois permitiu que enquadrasse a malícia de modo que pudesse se afastar para "evitar que o veneno tocasse minha alma", como diz.
O afastamento também pode ajudá-lo a conter a tentação de reagir da mesma maneira.
A estratégia da corredeira ajudou Ruth a evitar gastar sua energia emocional lutando contra forças que não podia controlar. Ela reservou energia para as ocasiões em que podia fazer algum bem, como ajudar outros a sobreviver ao ataque, e para lutar pequenas batalhas que podia ganhar contra os piores prepotentes locais.
Se você trabalha em um local negativo, o melhor que pode fazer é escapar. E isso foi o que Ruth acabou fazendo. Ela se mudou para um local de trabalho mais civilizado cerca de um ano depois.
Para evitar que os funcionários saiam, como Ruth fez, os chefes e suas organizações podem achar que é mais importante eliminar o negativo do que acentuar o positivo. Pesquisas sugerem que se você liderar um grupo onde a malícia é generalizada, deve começar reformando as más influências e, se necessário, expulsando-as.
Se um local de trabalho está mergulhado na maldade, há probabilidade de que o chefe mereça parte da culpa, mas não perceba isso. As pessoas que detêm o poder não têm ideia do que é trabalhar com elas, e como suas fraquezas prejudicam o desempenho. Por isso, digo aos chefes: se lidera um grupo infestado de imbecis, dê uma boa olhada no espelho.


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