São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 2011

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DINHEIRO E NEGÓCIOS

Alta das matérias-primas anuncia dias de preços maiores

Empresas têm de equilibrar lucro com ira do consumidor

Por STEPHANIE CLIFFORD,
MOTOKO RICH e
WILLIAM NEUMAN


Os preços da maioria dos produtos de consumo vão subir no outono, segundo varejistas, empresas de alimentos e fabricantes.
Os preços do algodão estão perto de seu nível mais alto em mais de uma década, depois de ajustados pela inflação, e os custos do couro e do poliéster também saltaram. O cobre atingiu seu nível mais alto em cerca de 40 anos, e o minério de ferro, usado para fabricar aço, alcança preços altos. Os preços do milho, açúcar, trigo, carne, carne de porco e café estão disparando. Enquanto isso, a mão de obra em todo o mundo fica mais cara, assim como as contas dos serviços públicos para manter uma fábrica em funcionamento.
"Há pressões de custos de virtualmente todos os lados", disse Wesley R. Card, executivo-chefe do Jones Group, cujas marcas incluem Nine West e Anne Klein. Jones disse que os preços de seus produtos vão subir de 15% a 20%.
Para alguns, a perspectiva de preços modestamente maiores não é motivo de preocupação. Os preços crescentes podem indicar a melhora das condições econômicas. A maior demanda de países de rápido crescimento como a China ajudou a pressionar os custos de muitas matérias-primas -embora as autoridades desses países estejam preocupadas com as pressões inflacionárias, assim como seus colegas da Europa.
Nos Estados Unidos, a disposição das empresas a aumentar os preços mostra que estão mais animadas sobre a recuperação interna.
Quando os preços das matérias-primas começaram a aumentar, no verão passado, muitos fabricantes e comerciantes absorveram os custos, temendo que os consumidores não pagassem preços mais altos durante a competitiva temporada de Natal ou enquanto a economia continuava frágil.
Hoje, muitas grandes empresas dizem que precisam aumentar os preços para proteger parte dos lucros. Se os compradores vão pagar, não está claro. "Vai haver uma reação", disse Joshua Shapiro, principal economista da MFR Inc. nos Estados Unidos.
Para as empresas, preços maiores significam que os lucros podem ser espremidos, tornando um pouco menos provável que invistam em equipamento ou contratem de forma agressiva. A população de baixa renda luta mais conforme aumentam os preços de alimentos, combustível, roupas, produtos de higiene pessoal e de limpeza doméstica, porque uma parte maior de seus gastos vai para esses itens básicos.
Os preços dos alimentos como matéria-prima estão cerca de 8% abaixo do pico do verão de 2008, enquanto os preços da energia estão em menos da metade de seu auge. Os preços de uma cesta de outras matérias-primas estão cerca de 4% abaixo dos picos de meados de 2008.
O custo das matérias-primas representa uma pequena parte do custo da maioria dos produtos de consumo; mão de obra, processamento e embalagem tendem a formar uma parte maior. Alimentos como café, carne e leite, que estão mais próximos de matérias-primas, provavelmente terão os maiores aumentos de preços.
O aumento dos custos das matérias-primas já cortou os lucros corporativos. A Kimberly-Clark, que fabrica lenços Kleenex e fraldas Huggiers, disse que os produtos baseados em fibra e petróleo contribuíram para uma pequena queda no último trimestre. A Procter & Gamble disse que o faturamento caiu ligeiramente em duas de suas divisões. Empresas estão indicando que vão aumentar os preços no varejo. O aumento dos preços do café empurrou os custos nas cafeterias. A Starbucks disse, no último outono, que vai aumentar alguns preços. A Sara Lee, que vende carne e café, disse que também o fará.
Os restaurantes, que resistiram a aumentar os preços no ano passado, também estão se queixando. Eles poderão reduzir a calefação, encolher as embalagens ou reduzir o tamanho das porções.
Os preços da carne aumentaram por causa do custo da ração, da decisão dos agricultores de criar menos bois e porcos e da forte demanda em todo o mundo, com a elevação dos padrões de vida. Uma epidemia de aftosa que devastou os porcos da Coreia do Sul levou a um surto de encomendas de carne suína dos EUA.
A Whirlpool diz que os consumidores podem esperar um aumento de 8% a 10% em seus produtos a partir de 1° de abril. Companhias de roupas como Polo Ralph Lauren e Brooks Brothers disseram que vão aumentar os preços este ano. Algumas empresas disseram que serão mais cautelosas.
John D. Morris, analista da BMO Capital Markets, firma de serviços financeiros norte-americana, disse que os varejistas tentarão administrar os custos de diversas maneiras. Os preços subiram significativamente no setor de confecções de 1972 a 1974, puxados pelos custos da mão-de-obra e os preços das matérias-primas, ele disse. "Os varejistas foram em frente e tiveram um ano muito bom em 73", disse Morris. "Os comerciantes encontraram o caminho."


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