São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

No Japão, Google ocupa um lugar estranho: o 2º

Por HIROKO TABUCHI
TÓQUIO - Em 2001, uma nova companhia da internet chamada Google abriu no Japão seu primeiro escritório fora dos EUA, ávida para lucrar com esse enorme mercado de tecnologia.
Mas, depois de oito anos, o Japão é um entre alguns países importantes que o Google ainda precisa conquistar. A gigante da web está muito atrás da Yahoo! Japan, a primeira colocada ali, operada pela gigante das telecomunicações japonesa Softbank.
Em uma inversão da rivalidade nos EUA, a Yahoo! Japan domina o mercado de buscas na web com 56,5% de todas as pesquisas, segundo a empresa de pesquisas GA-Pro. O Google, com 33,7%, ocupa um distante segundo lugar.
Desacostumado a ser o segundo, o Google está flexibilizando algumas de suas mais antigas tradições, em um impulso renovado no mercado japonês. No início deste ano, a página inicial do Google para o Japão abandonou o desenho sóbrio clássico e acrescentou links para YouTube, Gmail e outros serviços -numa tentativa de atrair os usuários japoneses, que preferem sites decorados com muitos textos e gráficos.
E, em uma estreia para o Google, que é sediado em Mountain View, Califórnia, a empresa começou a criar anúncios para o Japão e montou campanhas publicitárias, incluindo uma em que convidava os passantes a flutuar no ar com a ajuda de 2.500 balões.
O interesse do Google tem um pouco a ver com tamanho. O Japão é um dos países mais conectados do mundo, com mais de 90 milhões de usuários habituais da internet -dos quais 75% usam conexões de banda larga rápida e dois terços também se conectam com telefones celulares.
E, apesar de uma economia lenta, o mercado de publicidade de 6,6 trilhões de ienes (R$ 130 bilhões) do Japão continua sendo o segundo do mundo. "O Japão é um mercado-chave para o Google", disse Koichiro Tsujino, presidente do Google Japan. Todos os dias, por exemplo, os japoneses veem 10 milhões de clipes no YouTube -e isso apenas de seus celulares, o que os torna os mais ávidos adeptos de vídeo "on-the-go" do mundo.
A propensão dos japoneses para experimentar coisas novas é outro motivo pelo qual o Google busca se fortalecer ali. Ao longo dos anos, o Japão tornou-se um laboratório de testes para muitas das novas ideias de vanguarda da gigante da web, especialmente em tecnologia móvel. Programadores do Google baseados em Tóquio, mergulhados na cultura japonesa de celular e web, tornaram-se uma valiosa fonte de ideias para toda a companhia.
Os mercados estrangeiros hoje representam a metade da receita do Google, e a empresa está se tornando mais consciente da necessidade de moldar seus serviços aos mercados locais, assim como das vantagens de absorver ideias fora dos EUA, dizem executivos da empresa. "O Japão nos fez perceber que ideias não americanas podem ser globais", disse David Eun, vice-presidente do Google, em uma recente viagem ao Japão, onde fechou negócios com duas emissoras japonesas para permitir que o YouTube exiba parte de seu conteúdo.
Os escritórios do Google no Japão ocupam vários andares em um arranha-céu em Shibuya, bairro de Tóquio famoso por empresas novatas e que também reúne os adolescentes modernos da cidade. Mas a maioria desses criadores de tendências não considera o Google muito japonês -um grande revés para a companhia. O Google nunca conseguiu superar a vantagem da Yahoo! como primeira página de pesquisas. E, apesar de 35% da Yahoo! Japan serem propriedade da Yahoo na Califórnia, ela é considerada uma empresa local.
"A Yahoo! Japan é uma empresa japonesa, e a maioria de seus funcionários é de japoneses que compreendem como funcionam a mentalidade e os negócios no Japão", disse Nobuyuki Hayashi, analista de tecnologia. "Mas o Google ainda é um estrangeiro que aprendeu a falar um pouco de japonês."

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