São Paulo, segunda-feira, 15 de junho de 2009

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Empresas de tecnologia de Taiwan saem das sombras

Fabricantes de Taipé competem diretamente com o Ocidente

Por ASHLEE VANCE

TAIPÉ, Taiwan - Durante mais de uma década, empresas de tecnologia ocidentais e fabricantes taiwaneses tiveram um relacionamento simples e mutuamente benéfico.
As empresas taiwanesas fabricavam aparelhos de música, laptops e telefones celulares segundo especificações precisas ditadas por clientes como Apple, Hewlett-Packard e Motorola. As ocidentais então colavam seus rótulos conhecidos sobre os aparelhos, elevavam seus preços e bombardeavam os consumidores com anúncios divulgando seus produtos inovadores.
Nos últimos dois anos, porém, essa relação estreita começou a se desgastar. Não mais contentes em ficar ocultas em segundo plano, algumas das companhias taiwanesas estão buscando um caminho mais direto aos consumidores, interessadas nos lucros maiores que acompanham a propriedade de uma marca global.
Algumas empresas taiwanesas chegaram a conquistar reputação. Com seu Eee PC, a Asustek praticamente inventou a categoria mais popular de computador pessoal que existe hoje: os laptops ultraleves, voltados à web, conhecidos como netbooks. A Acer, que está prestes a tomar o lugar da Dell como segunda maior fabricante mundial de PCs, depois da HP, tem usado seu poderio manufatureiro para produzir e vender PCs potentes a preços competitivos.
"Nota-se na indústria taiwanesa um desejo forte de tentar romper barreiras e marcar sua própria presença", disse o taiwanês Mark Lee, que preside uma empresa recém-criada de software chamada DeviceVM, no vale do Silício, EUA. "Acho que a indústria está passando por essa transformação grande neste exato momento."
Em nenhum lugar essa transformação é mais evidente que no mercado de netbooks. A Acer e a Asustek dominam cerca de 65% da categoria nascente, cujas vendas vêm subindo, apesar da queda global nas vendas de PCs.
Além disso, a Asustek chegou ao fim do ano passado como empresa de PCs que tem o maior crescimento na Europa.
Apesar de seus ganhos em vendas, as firmas taiwanesas ainda têm um longo caminho a percorrer para conseguirem equiparar-se às habilidades de marketing de uma Apple ou uma HP. Embora tenham força na Ásia, suas marcas ainda são em grande medida desconhecidas dos consumidores em outras partes do mundo. E sua tradição de sigilo as levou a ter uma relação intranquila com a mídia noticiosa.
"Elas precisam se adaptar e resolver esses problemas", comentou Mark Hamblin, que ajudou a desenvolver a tecnologia "touch-screen" do iPhone da Apple e hoje dirige a empresa Touch Revolution em San Francisco, EUA. "Mas se alguma empresa com essa base em Taiwan conseguir resolver esse lado, ela terá muito, muito sucesso."
A mudança no papel dos fabricantes taiwaneses ficou clara na feira anual de tecnologia Computex, promovida em Taipé entre 2 e 6 de junho.
O evento tradicionalmente atrai fabricantes que expõem seus produtos mais recentes a parceiros atuais e potenciais. Milhares de pessoas vão à feira para ver componentes como fontes de energia e ventiladores usados para resfriar computadores. Placas divulgam "memória overclocking com o difusor de calor mais moderno" -coisas que, embora sejam estranhas à maioria das pessoas, fazem os entusiastas do hardware babar.
Recentemente, porém, os expositores na Computex têm divulgado muito mais do que suas placas de circuito mais recentes. Empresas locais e estrangeiras hoje aproveitam a feira para lançar novos produtos que esperam que vão abalar o mercado da computação.
A Asustek lançou o Eee PC na feira Computex, dois anos atrás. O laptop minúsculo e barato desencadeou uma onda de entusiasmo na indústria dos PCs. Hoje, todos os principais fabricantes de PCs oferecem produtos semelhantes.
A Acer, a Asustek e a HTC, também de Taiwan, se destacam como os exemplos mais notáveis de empresas taiwanesas que vêm chamando a atenção.
Nos últimos anos a Acer e a Asustek separaram suas divisões manufatureiras e optaram por competir diretamente no mercado de PCs contra HP e Dell, oferecendo suas próprias marcas.
"A Acer começou a produzir sua própria marca e começou a ver seus lucros subirem e subirem mais ainda", comentou Joseph Wei, diretor da SJW Consulting, firma do vale do Silício que liga empresas de tecnologia americanas e asiáticas. "Então o governo taiwanês começou a incentivar mais empresas a seguir esse modelo."


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