São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Sindicatos preocupados com braços temporários

Por JACK EWING

FRANKFURT - Trabalhadores temporários exerceram papel crítico em ajudar a Alemanha a superar a recessão de 2009, pois empregadores puderam reagir à queda na demanda, reduzindo suas folhas de pagamentos.
Mas um grupo de críticos vem se manifestando cada vez mais para dizer que o afrouxamento dos regulamentos trabalhistas em 2003, permitindo que as empresas contratem profissionais temporários, criou um contingente enorme de empregados mal pagos e maltratados que têm poucas chances de ascender a empregos permanentes. Hoje, esses profissionais já compõem 3% da força de trabalho.
Com a economia novamente em alta, os sindicatos estão fazendo lobby por mudanças legislativas e levantando a questão dos trabalhadores temporários nas negociações contratuais. "O trabalho temporário permitiu o surgimento de um mercado de mão de obra oculto", disse Berthold Huber, presidente do sindicato de metalúrgicos IG Metall.
O emprego temporário, que já estava em alta na Europa, ganhou mais apoio em 1° de maio, quando foram revogadas as restrições à mobilidade de trabalhadores entre países da UE. Hoje, agências de trabalho temporário podem recrutar trabalhadores em países onde os salários pagos são baixos, como a Polônia, para que trabalhem na Alemanha e em diversos outros países.
Embora muito se fale sobre trabalhadores temporários cujos contratos são piores que os de profissionais permanentes, o afrouxamento do mercado de mão de obra alemão, tradicionalmente rígido, vem sendo crucial para impedir que pelo menos algumas empresas transfiram sua produção para fora do país.
"Nossa competitividade global diminuiria se não pudéssemos fazer uso do instrumento do trabalho temporário", observou a empresa Bayerische Motoren Werke, fabricante dos veículos BMW, chamando a atenção para o fato de que 75% de sua força de trabalho está na Alemanha, enquanto 80% de suas vendas são feitas fora do país.
A questão é se um emprego temporário, com salário mais baixo, seria ou não melhor que emprego nenhum. A alta do trabalho temporário contribuiu para uma redução no desemprego na Alemanha. O índice de desemprego caiu para pouco mais de 7%, ou 3,2 milhões de pessoas, contra quase 12% em 2005, ou quase 5 milhões de pessoas.
A Alemanha ainda possui algumas das mais rígidas normas de proteção a profissionais temporários do mundo, disse Ben Noteboom, executivo-chefe da agência global de emprego temporário Randstad. Ele disse que seus profissionais recebem benefícios plenos de saúde e aposentadoria. Eles são cedidos a outros empregadores.
Norbert Reithofer, executivo-chefe da BMW, disse que o uso de trabalhadores temporários pela companhia a ajudou a permanecer lucrativa em 2009, pois, quando as vendas começaram a cair, ela pôde reduzir sua força de trabalho rapidamente.
Para o sindicalista Jorg Weigand, "as empresas estão mandando embora profissionais com bons salários e segurança no emprego e criando vagas de trabalho sem segurança". Segundo a Fundação Otto Brenner, os temporários recebem 20% menos que os contratados. Às vezes, a disparidade chega a 40%.


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