São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

Demanda é problema na Swatch

Por RAPHAEL MINDER

BASILEIA, Suíça - Nick Hayek, o executivo-chefe do Grupo Swatch, Enfrenta um problema que outros executivos corporativos poderiam invejar: está fazendo negócios demais. A Swatch, maior fabricante de relógios de pulso do mundo, está se apressando para aumentar sua capacidade de produção. Ela quer contratar até 2.000 empregados neste ano, cerca de 1.500 dos quais na Suíça. Mas está tendo dificuldade em encontrar Profissionais qualificados em número suficiente.
Os problemas da Swatch refletem a saúde global de um setor que conseguiu se recuperar da crise financeira mundial e crescer. A demanda por relógios de pulso vem crescendo na Ásia, região responsável por mais de metade das exportações de relógios suíços no ano passado,com os fabricantes de relógios de pulso mecânicos capturando uma faixa cada vez maior do mercado. Embora a empresa não decomponha seu faturamento por marca, a receita de sua divisão principal de relógios de pulso e joias cresceu 28%no ano passado, a taxas de câmbiofixas.
Mesmo assim, Hayek está tomando medidas para modificar o "modus operandi" do setor, desde o endurecimento das regras do que define um relógio de pulso como sendo "made in Switzerland" até obrigar rivais a fabricar seus próprios componentes. "Estamos em situação ridícula que seria análoga a ter a BMW fornecendo todos os motores da Audi e da Mercedes", ele explicou.
Ao forçar seus rivais a investir mais na produção, Hayek "pode levar o setor de relógios de pulso a voltar à maneira em que operava cem anos atrás,quando cada marca se diferenciava pela qualidade de seus movimentos", disse Jean- Frédéric Dufour, executivo-chefe da Zenith, que pertence ao grupo francês LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton e é uma das poucas marcas suíças que não compram seus componentes da Swatch.
A hegemonia da Swatch na produção de relógios de pulso se deve ao pai de Hayek, Nicolas Hayek, nascido no Líbano e que morreu no ano passado. Como consultor empresarial, Nicolas Hayek tinha sido contratado por bancos para fechar duas fabricantes de relógios no início dos anos 1980, época em que os fabricantes de relógios suíços estavam sendo sufocados pela concorrência japonesa. Em lugar disso, Hayek fundiu as empresas que estavam com problemas, comprou uma participação nelas e reativou a indústria coma introdução do relógio de plástico Swatch, de custo baixo.
O fato de os relógios Swatch terem feito sucesso e virado moda levou o grupo a desenvolver produção maciça, com volumes enormes, e consolidou sua liderança um pouco mais tarde com a aquisição de mais fabricantes de componentes. Em volume, a Swatch controla entre 70% e 80% da produção dos relógios de pulso mecânicos, segundo a firma de investimentos Sanford C.Bernstein & Company. Hayek se orgulha de Não ter reduzido a produção na crise financeira. "O êxito da Suíça e de sua indústria relojoeira é prova de que o empreendedorismo tende a florescer em país que acredita na manutenção da manufatura e das fábricas", disse ele.
René Beyer, executivo-chefe da loja de relógios Beyer, em Zurique, prevê que Hayek trará mais novidades: "Quem previa que Nick Hayek decepcionaria ou não conseguiria sair da sombra do pai errou feio, e isso ficou comprovado. Ele é um empreendedor de fato, Não um simples administrador."


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