São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Ensaio
Nancy Ancowitz


O sucesso não é só para os extrovertidos

Em 1989, eu acabara de entrar para uma das mais poderosas empresas financeiras do mundo, como diretora de marketing. Meu histórico profissional incluía planejamento, redação, edição e produção de materiais de marketing. O que eu mais gostava no trabalho era da parte de pensar. Mas meus dias eram cheios de reuniões.
Em uma organização muito rígida, focada em prazos, onde as decisões instantâneas e as constantes interrupções faziam parte da rotina, eu sentia muita falta de tempo para refletir.
Um dia, fiz o Indicador de Tipo Myers-Briggs, uma avaliação de personalidade muito conhecida, como parte de um programa de formação de equipes no trabalho. Para minha surpresa, descobri que eu era introvertida —e que isso não era um defeito ou um problema, mas apenas um aspecto da minha personalidade, com suas forças e seus desafios particulares.
Aprendi que os introvertidos preferem pensar antes de falar, enquanto os extrovertidos tendem a pensar enquanto falam. Também aprendi o que dá energia aos introvertidos (atividades individuais) e aos extrovertidos (atividades sociais). Embora eu não seja tipicamente tímida ou socialmente ansiosa e goste muito da companhia das pessoas —em doses—, concentro meus pensamentos quando estou sozinha.
Ao longo de 12 anos, dei cambalhotas dentro de um caleidoscópio de reuniões. Aprendi a colocar meu nome nas realizações, o que me exigiu um esforço extra. Precisei atingir um equilíbrio entre a cultura da arrogância que dominava Wall Street e minha inclinação natural para a modéstia, o que possivelmente era uma consequência de eu ser introvertida e de minha criação como menina na sociedade americana.
Também melhorei em falar nas reuniões. Mas sentia que faltava alguma coisa.
Com o incentivo de um treinador de executivos, ganhei uma nova perspectiva.
Certo dia, estava no meu trabalho voluntário de fim de semana, ajudando membros de uma comunidade de estrangeiros a melhorar suas capacidades e construir suas carreiras. Nós ensinávamos técnicas de entrevistas de emprego e de trabalho em rede, etiqueta de correio eletrônico e outros aspectos da comunicação empresarial que eu havia aprendido em Wall Street.
Meus alunos estavam aprendendo, eu causava um impacto em suas vidas, e todos nos divertíamos. De repente pensei que eu poderia fazer isso profissionalmente. Deixei meu antigo emprego e me tornei uma treinadora de comunicação nos negócios e autora que ajuda introvertidos a prosperar no mundo dos negócios.
Hoje sou mais feliz quando estou trabalhando com meus clientes, ajudando-os a superar seus obstáculos e a atingir suas metas. O segredo que compartilho com os introvertidos é conhecer e honrar seu estilo de personalidade e suas preferências.
O que seria isso em uma segunda-feira de manhã? Eles se preparam bem para as reuniões e negociações; fizeram seu pensamento reflexivo antes. Eles também agendam um tempo para se recarregar. E buscam aliados que podem ajudá-los a espalhar a notícia sobre suas forças silenciosas.


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