São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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Baviera avança, mas empregados reclamam

Por MICHAEL SLACKMAN
ERLANGEN-HÖCHSTADT, Alemanha - Segundo quase todos os critérios, esta região industrial da Baviera, que abriga gigantes da exportação como Siemens Healthcare, Adidas e Puma, está no centro do prolongado sucesso econômico do país. Com um índice de desemprego de 3,5% e os mercados cheios de compradores e interessados, "a Baviera é o planeta dos felizes", disse Katrin Schmidt, analista de mão-de-obra da Agência Federal de Emprego.
Mas muitas pessoas nesta região, e em todo o país, parecem desanimadas e incertas sobre sua própria saúde financeira. A boa fortuna da Alemanha é amplamente considerada aqui como sendo às custas de seus trabalhadores, que na última década sacrificaram salários e benefícios para tornar seus empregadores mais competitivos. "Não acredito que a situação econômica realmente melhorou", disse o metalúrgico Karl-Hans Diem, 60.
Líderes alemães foram confrontados com forças opostas de uma economia forte e uma força de trabalho que viu seus salários reais, ajustados pela inflação, declinarem na última década.
Quando a Grécia esteve em crise, a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, foi criticada por oferecer ajuda demais. "Eles deveriam ter gastado o dinheiro aqui; nós temos nossos próprios problemas", disse Sabine Striegel, 45, que mora com os pais desde que perdeu um emprego temporário na Siemens.
Os sentimentos antieuro estão tão acalorados que o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse ao jornal "Bild" no mês passado que "o perigo de um partido antieuro deve ser levado a sério".
Os líderes políticos e executivos alemães afirmam que a economia se beneficiou da moeda comum. Para um país que tira quase a metade de seu Produto Interno Bruto das exportações, uma moeda estável facilitou muito o comércio interfronteiras na zona do euro.
No entanto, há um sentimento em toda a Alemanha de que o euro não foi bom para as pessoas.
"Acho que muitas coisas ficaram mais caras", disse Jonas Molzberger, 21, um aprendiz no hotel Grauer Wolf, na rua principal de Erlangen. "Também sentimos isso na indústria hoteleira, especialmente no restaurante. Há menos pessoas e menos pedidos."
Como os trabalhadores de outros países industrializados, os alemães também tiveram de aceitar que os empregos disponíveis não são tão garantidos quanto eram antes.
O número de pessoas em empregos atípicos ou fora do padrão na Alemanha aumentou para 7,72 milhões em 2008, contra 5,29 milhões em 1998, segundo o Departamento Federal de Estatísticas.
"Eu vejo que as famílias estão lutando", disse Eberhard Irlinger, administrador de Erlangen-Höchstadt, um distrito de cerca de 130 mil habitantes ao redor da cidade de Erlangen. "Na verdade, parte da prosperidade econômica é consequência de as pessoas não receberem a devida seguridade social."
Mas essa sensação de insegurança não se encaixa muito bem na imagem de um país que teve um desempenho notavelmente melhor que seus vizinhos. Na verdade, muitas empresas da Baviera dizem que seu maior problema hoje em dia é a falta de trabalhadores qualificados.
Karl-Heinz John, executivo chefe da Infoteam, um pequeno desenvolvedor de software na aldeia próxima de Bubenreuth, disse: "Perdemos contratos porque simplesmente não temos o pessoal".

Colaborou Stefan Pauly


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