São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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NURUL IZZAH ANWAR

Herdeira torna-se estrela política em ascensão

"Tenho de travar minhas próprias guerras, e tenho minha comunidade e meus eleitores para servir. Tenho de responder perante eles."

Por LIZ GOOCH
KUALA LUMPUR, Malásia - Quando Nurul Izzah Anwar foi eleita para um cargo de liderança no Partido da Justiça Popular, aos 30 anos, tornou-se a mais jovem pessoa a ocupar a posição na história do partido malasiano.
Seu sucesso na eleição interna de novembro ocorreu apenas dois anos depois de ela ser eleita deputada, mas sua imagem pública passou mais de uma década sendo moldada, e está inextricavelmente ligada a um dos políticos mais notórios do país.
Nurul Izzah é a filha mais velha de Anwar Ibrahim, um ex-vice-premiê que há mais de dez anos foi preso por acusações de sodomia e abuso de poder, que ele alegou terem sido politicamente motivadas. Num país muçulmano e conservador como a Malásia, as acusações de sodomia foram escandalosas. O veredicto acabou sendo revogado em 2004, e Anwar saiu da prisão como líder da oposição na Malásia.
O episódio desencadeou o despertar político de Nurul Izzah, que tinha apenas 18 anos na época da prisão do pai. Ela se lançou na vida pública fazendo um apaixonado apelo pela liberdade dele diante da Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
Agora, quando seu pai enfrenta um segundo julgamento por sodomia, que ele diz ter sido igualmente forjado, Nurul Izzah é uma estrela política em ascensão. Ela se tornou uma dirigente importante no Partido da Justiça Popular, que foi fundado por seu pai e do qual sua mãe, Wan Azizah Wan Ismail, é a presidente.
"Não acho que depois de passar por 1998 seria possível voltar a uma vida fora da política", afirmou Nurul Izzah, referindo-se à primeira prisão do seu pai.
Enquanto alguns analistas dizem que ela está deixando a sombra do pai, outros suspeitam que a família Anwar esteja criando uma dinastia.
Numa entrevista, Nurul Izzah insistiu na sua independência.
"É claro que amo muito meu pai, mas afinal de contas sou uma legisladora por mérito próprio", disse. "Tenho de travar minhas próprias guerras, e tenho minha comunidade e meus eleitores para servir. Tenho de responder perante eles."
Seu trabalho com organizações de direitos humanos e a prisão do pai lhe deram uma compreensão sobre "as coisas que importam na Malásia - o estado do nosso Judiciário, o estado das nossas liberdades civis e políticas".
Após se formar em engenharia na Malásia, Nurul Izzah concluiu um mestrado em relações internacionais na Escola Johns Hopkins de Estudos Internacionais Avançados, em Washington, e voltou ao seu país em 2007. Em 2008, foi convidada a concorrer ao Parlamento.
As atribulações mais recentes do pai de Nurul Izzah motivaram perguntas sobre a possibilidade de ela no futuro substituí-lo como líder da oposição. "Não se trata de mim ou do papel que eu desempenharia, mas de qual é a nossa estratégia para avançar", afirmou.
Ong Kian Ming, analista político da Universidade UCSI, de Kuala Lumpur, acredita que o próximo passo para Nurul Izzah provavelmente será a vice-presidência partidária. "Ela está na linha de frente de um pequeno grupo de líderes que pode e irá afinal substituir Anwar", disse.
James Chin, professor de ciência política da Universidade Monash da Malásia, disse que Nurul Izzah tem muitos seguidores jovens.
Nurul Izzah alerta que a Malásia corre o risco de se tornar um "Estado falido" se não tratar das tensões raciais e de questões como a fuga de jovens talentos, a corrupção e as leis que restringem a liberdade de expressão.Embora sua ascensão pela estrutura partidária tenha sido rápida, ela é enfática ao dizer que tem ambições de longo prazo. "Em termos de promover e advogar a reforma", disse ela, "acho que deve ser uma luta para a vida inteira".


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