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DINHEIRO & NEGÓCIOS
Cinema 'indie' ressurge, mas diferente
Produções de baixo orçamento ficam ainda mais austeras
Por MICHAEL CIEPLY
Há apenas cinco anos, o ainda próspero universo do cinema independente dependia do
que ocorria por detrás das portas verdes de um galpão no centro de Manhattan, onde os
irmãos Bob e Harvey Weinstein comandavam a Miramax Films.
Com um possível acordo -as negociações estão em andamento- para juntar
investidores e readquirir a Miramax, de onde saíram em 2005, os Weinsteins estão de
novo no meio de algo. Mas não é mais o negócio que eles dominavam.
Por mais de uma década, o cinema independente centralizado em Nova York floresceu,
às vezes quase ofuscando os grandes estúdios de Hollywood em termos de impacto e
aclamação. Mas o colapso financeiro e a crise do crédito tiveram um profundo impacto
em todo o mundo do cinema, que reagiu com menos lançamentos caros e mais apostas
seguras.
E a nova austeridade dizimou o negócio do cinema independente, levando em poucos
anos ao colapso ou encolhimento de distribuidores como New Line Cinema,
Picturehouse, Warner Independent Pictures, ThinkFilm e Miramax.
"O mundo está diferente agora", disse recentemente Richard Abramowitz, da nova leva
de distribuidores. Embora tenha manifestado estima pelos Weinsteins, ele disse que a
possível recompra da Miramax não seria "o tipo de fato que muda o jogo, como poderia
ter sido há poucos anos". "E eu provavelmente serei perseguido na rua por dizer isso",
completou.
Mas há sinais de vida no setor, graças a ágeis operações de guerrilha que tentam
ressuscitar o cinema independente gastando menos em produção, muito menos ainda em
marketing, e adotando todas as formas de distribuição -inclusive as salas "de arte" e o
laptop.
O resultado tem sido uma descarga de energia que evoca os primeiros dias da bolha da
internet, nos anos 1990, com uma pitada do velho espírito do cinema independente.
"Isso me lembra os primeiros anos da Miramax, quando era preciso ser disciplinado",
disse Harvey Weinstein. Ele recentemente rejeitou um pedido de entrevista para falar da
sua parceria com o investidor Ronald Burkle na tentativa de comprar a Miramax.
As experiências independentes são acompanhadas de perto no setor, porque muitas
vezes o que acontece em Hollywood acontece antes em Nova York.
Enquanto em Los Angeles muitos continuam às voltas com o sistema de estúdios e com
as complicações emergentes do 3D, Nova York capturou um desafio diferente: como
arrancar lucro, por menor que seja, desse enorme investimento em filmes menores.
Segundo Weinstein e outros, o cinema independente de Nova York sofreu em parte
porque as empresas, com o caixa cheio depois do boom do DVD, colocaram dinheiro
demais em filmes demais, para uma plateia que nunca foi grande o suficiente para
absorvê-los nas salas de exibição.
Os distribuidores independentes que sobreviveram ao tropeço incluem Focus Features,
uma unidade do estúdio Universal ancorada em Manhattan, e a Sony Pictures Classics,
que tem menos de 25 funcionários e lança cerca de 20 filmes por ano.
Também há algumas empresas novas, como a Apparition. Para muitas delas, a
austeridade é um dado, e isso significa cogitar a distribuição digital.
"O negócio está voltando de um jeito mais inteligente", disse Marian Koltai-Levine,
veterano da Fine Line e da Picturehouse, hoje consultor.
Para Sri Rao, ex-consultor do setor que hoje escreve, produz e espera dirigir filmes, um
mundo independente reduzido é simplesmente um lugar melhor para operadores de
baixo custo como ele.
"A paisagem do filme independente está diferente do que era, este não é o auge dos
anos 1990", disse Rao.
Sua Sri & Company fez dois filmes no estilo de Bollywood, o segundo dos quais,
"Badmaash Company", deve ser lançado em junho pela Yash Raj Films, da Índia. A
empresa de Rao é tão enxuta que só tem escritório quando há um filme em produção. "É
um mundo sem custos operacionais", disse.
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