São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Confiante, a Índia olha para fora


Em busca de novos mercados e tecnologias

Por VIKAS BAJAJ

MUMBAI, Índia - Quando a empresa Ssangyong Motor, fabricante sul-coreana de veículos utilitários esportivos (SUV), esteve à venda por duas vezes nos últimos sete anos, a montadora indiana Mahindra & Mahindra passou nas duas ocasiões.
No ano passado, a Mahindra estava pronta para comprar e adquiriu uma participação de 70% na Ssangyong por US$ 460 milhões. O negócio, fechado em março, foi outro indício de que as companhias indianas estão ficando mais confiantes em aquisições internacionais.
Há muito tempo afastadas do resto do mundo por políticas protecionistas, as empresas indianas estão começando a se globalizar. Nos últimos 18 meses, companhias indianas gastaram US$ 28,4 bilhões em fusões e aquisições no exterior, um pouco mais que os US$ 26,4 bilhões que empresas estrangeiras gastaram em negócios na Índia, segundo a empresa de contabilidade Grant Thornton.
"Muitas companhias indianas estão pensando no mundo de forma diferente", disse Vedika Bhandarkar, diretor do banco de investimentos e grupo de mercados globais Crédit Suisse em Mumbai. "Elas estão dizendo: 'Não me basta ser um líder com 20% ou ter X% do mercado na Índia. O que eu faço precisa ser globalmente competitivo'."
Ao ir para o exterior, as companhias indianas muitas vezes procuram adquirir nova tecnologia, entrar em novos mercados e garantir recursos.
"Enquanto as empresas indianas avançam para mais produtos da linha de frente, precisam de tecnologia especializada", disse Rajiv Kumar, secretário-geral da Federação de Câmaras de Comércio Indianas em Nova Déli. "Elas também estão procurando acesso ao mercado. E, em terceiro lugar, estão comprando recursos naturais."
A Mahindra, por exemplo, foi atraída para a Ssangyong por causa da linha de veículos utilitários esportivos de alto preço, que complementa o SUV mais modesto da companhia indiana, fabricado para os consumidores locais menos esbanjadores.
O último grande negócio indiano no exterior foi a aquisição no ano passado pela Bharti Airtel, por US$ 10,7 bilhões, da Zain, uma empresa de telefonia celular que operava em 15 países africanos. Outros grandes negócios incluíram a aquisição pelo grupo Adani por US$ 2 bilhões do porto de Abbott Point, na Austrália, que a Adani pretende usar para embarcar carvão para suas usinas energéticas na Índia.
Em agosto, o conglomerado de energia e aço indiano Essar comprou uma refinaria de petróleo britânica da Shell por US$ 350 milhões. As outras divisões da empresa também compraram empresas de telemarketing na Europa e minas de carvão na Indonésia e nos Estados Unidos.
"Um ativo por um bom preço sempre vale a pena examinar, desde que se encaixe na estratégia geral de nosso plano de crescimento", disse Prashant Ruia, presidente do Grupo Essar.
O recente impulso das companhias indianas ainda é mais discreto do que sua última grande fase de compras, em 2006 e 2007, quando o maior conglomerado da Índia, o Grupo Tata, comprou a Corus Steel e a Jaguar Land Rover, tornando-se a maior companhia fabril do Reino Unido.
Os acordos tendem a ser menores e estrangeiros têm tanta probabilidade de comprar na Índia quanto os indianos de ir para o exterior, disse Bhandarkar.
Outra razão pela qual as empresas indianas estão olhando para o exterior é que estão frustradas com os políticos indianos. Executivos de empresas daqui se queixam de que o governo caminha devagar demais na liberalização da economia e na melhoria da infra-estrutura.
Não ajudou o fato de a Índia também estar lutando contra a alta da inflação e dos juros.
"Muitas companhias estão preocupadas com a falta de iniciativas políticas", disse Ruia. "Mas, todo mundo sabe que, com o tempo e com melhor governança, essas questões serão resolvidas."
Contribuiu Neha Thirani



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