São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2011

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LENTE

Sobre o dinheiro


O salário do chefe é exagerado, mas o refrigerante é grátis

Se você andava preocupado com o destino dos executivos-chefes americanos, pode ficar tranquilo: em 2011, o rendimento deles está oficialmente recuperado.
"Num momento em que milhões de americanos estão tentando manter suas casas, e milhões de outros tentam manter seus empregos, os executivos-chefes de grandes corporações, com destaque para 3M, General Electric e Cisco Systems, estão ganhando hoje tanto quanto antes da recessão", escreveu o jornal "The New York Times" na edição do dia 11 de abril. "Na verdade, alguns estão ganhando até mais."
O rendimento mediano dos principais executivos em 200 grandes empresas americanas foi de US$ 9,6 milhões no ano passado, alta de 12% em relação a 2009, segundo estudo realizado para o "Times".
Alguns investidores argumentam que executivos talentosos geram lucros descomunais para os acionistas e, por isso, valem tanto. Outros consideram isso um disparate.
"Quando a compensação é excessiva, isso deveria ser um alerta", disse ao "Times" Albert Meyer, gestor de fortunas do Bastiat Capital, no Texas. "Será que a empresa existe para o benefício dos acionistas ou de quem está dentro dela?"
Ele prefere investir em empresas internacionais, pois acredita que nelas os acionistas estão em primeiro lugar.
É o caso da norueguesa Statoil, cujas ações, desde seu lançamento, em 2001, se valorizaram mais do que as da concorrente Exxon Mobil, informou o "Times".
Helge Lund, executiva-chefe da Statoil, foi obrigada a viver com cerca de US$ 1,8 milhão no ano passado, sem opções acionárias. Já o seu homólogo da Exxon, Rex Tillerson, recolheu US$ 21,7 milhões em salários, bônus e prêmios acionários em 2009.
O rendimento de Tillerson foi mais do que o dobro dos US$ 8,3 milhões recebidos em 2010 pelos nove principais executivos da Statoil.
Mas nem todos os executivos-chefes mensuram seu valor em termos puramente monetários.
David Morin, o fundador da "start-up" Path, uma rede social, recusou uma oferta de US$ 100 milhões do Google e, em vez disso, arrecadou US$ 11 milhões junto a 27 investidores para que pudesse reter o controle de sua empresa, relatou o "Times".
Já Tony Hsieh vendeu sua primeira empresa, a LinkExchange, aos 24 anos, por US$ 265 milhões para a Microsoft. Em 2009, ele entregou a Zappos, loja virtual de roupas e calçados, para a Amazon por US$ 1 bilhão.
Agora, aos 37, Hsieh considera que o mais importante é promover sua "tribo".
Os funcionários da Zappos decoram seus cubículos com pôsteres e objetos pessoais, como quarto de adolescente, e desfiles de fantasias são ritual regular no escritório, contou o "Times".
Hsieh faz questão de ir às festas da firma e de cantar no karaokê como um sujeito comum, embora seja alguém com uma participação de US$ 550 milhões na Amazon.
Alguns dizem que é mais difícil entrar na Zappos do que fazer parte de Harvard.
Hsieh paga salários mais baixos, mas oferece benefícios como churrascos na casa do chefe, pipoca e refrigerante grátis, além de uma chance de avançar na hierarquia corporativa.
"Queremos que eles trabalhem conosco por razões que vão muito além do dinheiro", disse ele ao "Times".
TOM BRADY

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