São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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O esporte favorito de Obama tem fãs em todo o mundo

JEFF ZELENY
ENSAIO

WASHINGTON - A cesta de basquete está saindo da hibernação.
Em vários momentos durante sua corrida presidencial, Barack Obama falou sobre a perspectiva de jogar basquete na Casa Branca, onde há uma tabela de basquete pouco usada. A partir de amanhã, ele terá sua chance, ao tornar-se o primeiro presidente americano a provavelmente calçar um tênis e ir para a quadra, e não para as arquibancadas.
Alguns fãs do basquete estão aguardando esse momento com tanta ansiedade que quase se imagina que a temporada dos torneios universitários vá começar dois meses antes do normal.
"O fato de ele ser fã e jogador de basquete será traduzido em todo o mundo", disse John Doleva, presidente do Hall da Fama Memorial de Basquete Naismith, em Springfield, Massachusetts, berço do esporte. "O basquete é uma linguagem internacional. Há uma mensagem americana global encerrada nisto."
O esporte favorito de um comandante-em-chefe, quer seja jogar golfe, andar de mountain bike ou correr numa pista, ajuda em muito a fixar sua imagem e identidade. Mas as atividades esportivas de um presidente normalmente só são fotografadas quando isso é estrategicamente conveniente. Depois de o senador John Kerry ter sido acusado de mudar de posição política segundo a direção do vento, a imagem dele praticando windsurf ficou gravada nas cabeças de seus assessores políticos.
É pouco provável que o basquete ajude a simplificar o volume de desafios sérios que Obama tem pela frente. Mas, em termos mais simples, será que ele poderá usar a quadra como lugar para exercer um pouco de persuasão à moda antiga? As preocupações em torno de seu plano de recuperação econômica, por exemplo, poderiam ser resolvidas na linha de lance livre? Suas propostas para a saúde poderiam ser discutidas numa partida informal?
O mínimo que se pode prever é que haverá uma longa fila de pessoas em toda a capital tirando o pó de seus tênis e disputando a tapas a chance de suar a camisa com Obama, que vem jogando basquete desde que era criança, no Havaí.
"Se o presidente convidar, você não pode recusar o convite", disse Kevin Johnson, ex-armador do Phoenix Suns (time que integra a NBA) eleito no ano passado prefeito de Sacramento, na Califórnia. O que Johnson dirá se o presidente o convidar para uma partida? "Se ele o fizer, será seu primeiro erro como presidente. Serei obrigado a derrotá-lo redondamente."
Poucas corridas presidenciais até hoje contiveram tantas referências esportivas quanto a de Obama. Não apenas o televisor de seu ônibus de campanha ficava ligado permanentemente no canal de esportes ESPN, como seus assessores às vezes tentaram criar a aura de um time em campeonato.
Kevin Johnson, que já conversou com Obama sobre esporte e política, duvida que o novo presidente terá tempo para disputar muitas partidas na Casa Branca, mas disse que ele vai influenciar os jovens americanos pelo simples fato de jogar basquete.
"O basquete é acessível a todos", disse. "Esse fato diz a um garoto da terceira série, não importa em que tipo de bairro ele viva, que ele pode tornar-se o presidente dos EUA algum dia."


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