São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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Vem do Havaí o estilo zen do presidente eleito


Barack Obama tem personificado o "espírito aloha"

Por JEFF ZELENY

KAILUA, Havaí - Mesmo no fim de sua longa jornada para conquistar a Casa Branca, uma pergunta sobre Barack Obama surgia repetidamente: como ele parecia se manter calmo e equilibrado enquanto percorria uma estrada tão agitada? Pelo menos parte da resposta pode ser encontrada na ilha de Oahu.
Enquanto o presidente eleito Obama caminhava pelas praias durante suas férias recentes, retornando ao lugar de seu nascimento e sua adolescência, estava relaxando depois do ano mais duro de sua vida e se reabastecendo para as responsabilidades que o aguardam. E os amigos dizem que ele fez isso com uma tranquilidade inabalável que é produto de sua criação no Havaí.
O humor de Obama, para muitos observadores no Havaí, personifica o "espírito aloha", um estado mental pacífico e uma atitude amistosa de aceitação das diferentes ideias e culturas. Mais que uma simples vibração descontraída, muitos havaianos acreditam em um poder divino e espiritual que oferece uma energia de vida sustentadora.
"Quando Obama vai à televisão, o pulso nacional diminui cerca de dez pontos", disse o deputado Neil Abercrombie, democrata do Havaí que foi amigo dos pais de Obama. "Ele tem esse efeito incrivelmente calmante. Não há dúvida na minha mente de que isso vem do Havaí."
Abercrombie, que conhece o presidente eleito desde que ele nasceu, disse que as maneiras tranquilas e equilibradas de Obama se parecem com as de seu avô, Stanley Dunham. Quando criança, Obama seguia Dunham por toda parte, caminhando pelos bairros de Honolulu e pelas redondezas.
"Ele transmite um pequeno oásis de calma", disse Abercrombie sobre Obama. "Ele é uma água pacífica na tempestade, o que lhe será muito útil nas atuais circunstâncias de crise."
Apenas um ano atrás, muitos de seus admiradores temiam que Obama fosse passivo demais na batalha das primárias presidenciais contra a senadora Hillary Clinton. Mais tarde, alguns democratas se perguntaram se ele tinha tenacidade para combater o senador John McCain e o establishment republicano.
Foi só quando a crise econômica se aprofundou e uma recessão plena foi declarada que o comportamento inabalável de Obama entrou em foco como um atributo valioso.
Enquanto percorria os EUA durante a campanha presidencial, com a promessa de um tipo de política diferente, Obama foi perguntado várias vezes por eleitores e jornalistas se tinha estômago para vencer a disputa. Sua resposta padrão? Ele aprendeu como -e quando- ser duro navegando o difícil mundo da política de Chicago.
O que não disse foi que aprendeu sua compostura no Havaí.
"Ele tem mais do Havaí que de Chicago; é descontraído, tranquilo e composto", disse o professor de estudos étnicos na Universidade do Havaí em Manoa, Noel Kent, que vive na ilha há três décadas. "É difícil manifestar raiva aqui. É um ambiente muito pequeno e fechado, em que você tem de conviver com outras pessoas."
Em julho, quando Obama visitou Londres e esteve com David Cameron, o líder do Partido Conservador britânico, foi ouvido falando sobre como os líderes precisam tirar folgas para pensar. Sem tirar folgas, disse Obama, "você começa a cometer erros ou perde noção das coisas".
É por isso que Obama passou os últimos dias de 2008 no Havaí, recarregando o "espírito aloha".


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