São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2011

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Banco russo agora pode farejar mentiras

Por ANDREW E. KRAMER
MOSCOU - O maior banco de varejo da Rússia está testando algo que a antiga KGB amaria, um caixa automático com detector de mentiras destinado a impedir fraude de crédito ao consumidor.
Novos clientes podem falar com a máquina para solicitar um cartão de crédito, sem intervenção humana necessária por parte do banco, o que diminui os gastos com força de trabalho.
A máquina digitaliza passaportes, registra impressões digitais e realiza reconhecimento da face em 3D. E usa o software de análise de voz para avaliar se a pessoa está sendo verdadeira nas respostas de perguntas como "Você está empregado?" e "Neste momento, você tem outro empréstimo pendente?"
O sistema de análise de voz foi desenvolvido pelo "Centro de Tecnologia da Fala", empresa que possui entre os grandes clientes o Serviço Federal de Segurança -a agência de inteligência doméstica da Rússia que se originou do KGB soviético.
Dmitri V. Dyrmovsky, diretor dos escritórios centrais de Moscou, disse que o novo sistema foi concebido com base em gravações de interrogatórios policiais de pessoas que reconhecidamente mentiram.
O grande banco envolvido, o Sberbank, cujo maior proprietário é o governo russo, afirmou que pretende instalar as máquinas em shoppings e agências bancárias de todo o país, mas ainda não há data para o lançamento. Consultores de tecnologia dizem que será a primeira vez no mundo que a análise de voz vai ser utilizada em caixas automáticos.
Foi a crise financeira global, durante a explosão de empréstimos que as pessoas não podiam ou não queriam pagar, que levou Sberbank a adotar tal medida de segurança, relatou Victor M. Orlovsky, vice-presidente sênior de tecnologia do banco.
O software detecta nervosismo ou estresse emocional, possíveis indicações de que um candidato ao crédito está dissimulando. Essa informação, disse Orlovsky, será usada em combinação com outros dados, com destaque para o histórico de crédito.
Sberbank diz que, para cumprir a lei de privacidade da Rússia, o banco planeja armazenar a voz do cliente em chips localizados em seus próprios cartões de crédito, e não em um banco de dados central.
Além disso, Orlovsky disse que o banco pretende tornar os consumidores conscientes dos tipos de informação, incluindo a biometria, que a máquina vai coletar. O centro de tecnologia adiantou que até mesmo as pessoas por dentro do programa de estresse de voz teriam problemas para enganá-lo. Outro produto criado pelo centro, como já destacado, mede a raiva e está instalado no centro de atendimento telefônico do transporte nacional de trens.
"Não estamos violando a privacidade do cliente," disse Orlovsky. "Estamos apenas tentando descobrir se estão dizendo a verdade. Eu não vejo motivo para tanta polêmica."


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