São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Site intervém para aplacar ira dos consumidores contra embalagens

Por STEPHANIE CLIFFORD

SEATTLE - Há quase dois anos, a Amazon.com pede aos fabricantes que adotem "embalagens à prova de frustração", que eliminem estojos e plástico-bolha, coisas que irritam o consumidor e são uma das queixas que a empresa mais recebe.
Mas a frustração persiste. Apenas cerca de 600 entre milhões de produtos que a Amazon vende vêm em versões "à prova de frustração". E outros grandes varejistas eletrônicos, como o Walmart.com, não adotaram as novas embalagens, mesmo quando os fabricantes as disponibilizam.
"Grande parte disso é só pela inércia em fazer mudanças", disse Stephen Lester, diretor científico da ONG Centro para Saúde, Ambiente e Justiça. "Sempre que você tem um sistema montado para gerir o seu negócio, fazer qualquer mudança implica tempo e dinheiro."
Para os varejistas do mundo físico, as embalagens tradicionais continuam sendo úteis, porque ajudam a evitar furtos. Mas, no comércio eletrônico, há um consenso de que as embalagens alternativas agradam aos consumidores, e que criá-las é simples. E elas são também ambientalmente corretas, com o uso de papelão reciclado e reciclável em vez de plásticos, mais rápidas de produzir, e mais baratas.
Em comparação com as versões tradicionais, os produtos "à prova de frustrações" conseguiram em média uma redução de 73% nas reações negativas no site da Amazon. Ao tomar conhecimento desses comentários, a Philips alterou a embalagem de uma escova de dentes eletrônica.
"Não que o produto necessariamente estivesse em questão, era a experiência de desembalar -é preciso pegar tesouras e facas", disse Stephen Cheung, gerente-sênior de marketing para o consumidor da Philips Oral Healthcare.
A Philips perguntou ao seu fornecedor, a AllpakTrojan, se poderia criar uma nova embalagem. Como as fábricas em geral usam um fornecedor para as partes de plástico da embalagem, e outro para as de papelão, "mesmo antes de fazer qualquer coisa você já perdeu um pouco de eficiência no processo de design", disse Dave Hoover, gerente de vendas da AllpakTrojan.
Com este projeto, no entanto, a AllpakTrojan podia usar um só material, e ele passava pela máquina só uma vez -em vez das duas ou três necessárias para as embalagens tradicionais.
"Do design ao acabamento, é o mais eficiente possível", disse Hoover. A Philips disse que pressiona outros sites de varejo a se adaptarem a essa embalagem, mas enfrenta resistências.
As cápsulas invioláveis existem para dar boa aparência aos produtos nas lojas e para evitar os furtos, já que são difíceis de abrir sub-repticiamente -preocupações que o comércio eletrônico não tem.
Ambientalistas atribuem essa falta de reação à intransigência dos grandes fabricantes, à complexidade de ter embalagens diferentes para o varejo físico e o varejo eletrônico, e à falta de coordenação entre as grandes empresas de comércio da internet.
"Um dos maiores obstáculos é convencer uma companhia de que vale a pena, ou que há volume, para vender o mesmo produto em dois formatos diferentes", disse Anne Johnson, diretora da Coalizão da Embalagem Sustentável.
A Amazon adotou a embalagem "à prova de frustração" em novembro de 2008, para minimizar aquilo que o executivo-chefe Jeff Bezos chamou de "fúria do pacote".
Como disse Nadia Shouraboura, vice-presidente de satisfação global da Amazon: "É uma proposta em que todos ganham; não esperamos fazer um milagre em uma semana, mas acho que com o passar do tempo vai acontecer".


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