São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ENSAIO

JENNA WORTHMAN

Vizinho digital também empresta as coisas

Quando tirei meu reluzente Roomba da embalagem, coloquei-o delicadamente sobre o piso de madeira e fiquei radiante. Naquela noite, vi o robô-aspirador rondar de modo autônomo pelo apartamento, e na manhã seguinte o devolvi ao seu legítimo dono.
O Roomba foi meu por só 24 horas. Eu o aluguei por intermédio do SnapGoods, serviço no qual, mediante uma taxa diária, as pessoas emprestam utensílios sobressalentes. O SnapGoods é uma das novas "start-ups" que baseiam seu modelo de negócio em permitir que as pessoas compartilhem, troquem ou aluguem bens num âmbito localizado.
Há outras, como NeighborGoods e ShareSomeSugar. Sites de compras em grupos, como o Groupon, ou de intercâmbio para viagens, como o Airbnb, também surgiram. Com esses sites, os consumidores encontram maneiras de partilhar bens em vez de precisarem comprá-los.
Ron Williams, cofundador do SnapGoods, descreve isso como "economia do acesso". "A noção da propriedade como a barreira entre você e o que você precisa está ultrapassada", disse Williams.
Consumidores abalados pela recessão podem testar equipamentos novos e caros antes de se decidirem por comprá-los ou não. Para quem cede o produto, é uma forma de ganhar um extra sobre coisas que estão empoeirando.
Mas alguns especialistas consideram que, além de razões econômicas, esses serviços estão, na realidade, se popularizando por reforçarem um senso de comunidade.
Paul Zak, diretor do Centro para os Estudos Neuroeconômicos da Universidade de Pós-Graduação Claremont, na Califórnia, diz que participar de uma comunidade como o SnapGoods, o Groupon ou o Airbnb pode atenuar o isolamento social e ampliar nossa rede de amigos.
"Na verdade é um bom jeito de conhecer meus vizinhos", diz Luke Tucker, 31, que me alugou seu robô-aspirador por meio do SnapGoods. A estudante Charlis Floyd, 22, e o comediante Nema Williams, 30, que alugam pelo Airbnb um quarto sobressalente no Brooklyn, dizem que, embora a renda extra ajude, eles estão mais interessados nos personagens que conhecem.
"Conseguimos que um casal da Inglaterra nos ensinasse a fazer curry vermelho", afirma Floyd. A confiança é um fator importante em tudo isso, construída por meio de redes sociais como Facebook e Twitter.
Rachel Botsman, coautora do ainda inédito "What's Mine Is Yours: The Rise of Collaborative Consumption" ("O que é meu é seu: a ascensão do consumo colaborativo") diz: "Esta nova economia será guiada inteiramente pela reputação, o que faz parte de uma nova tendência cultural, a de observar como o nosso comportamento em uma comunidade afeta o que podemos acessar em outra".


Texto Anterior: Site intervém para aplacar ira dos consumidores contra embalagens
Próximo Texto: Próxima geração de estilistas desenha para o mundo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.