São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Sem trabalho? Jovens criam seu próprio emprego

Por HANNAH SELIGSON
Cinco anos atrás, depois de se formar em cinema e acumular milhares de dólares em empréstimos para pagar a faculdade, Scott Gerber voltou a viver com seus pais, em Nova York. Então, contraiu mais empréstimos para fundar uma empresa de mídias novas e tecnologia, mas ela afundou em 2006. "Me senti humilhado e desmoralizado", ele contou.
Gerber parou para analisar quais seriam suas opções profissionais. Lançando mão dos últimos US$ 700 que tinha, abriu outra companhia.
Com a Sizzle It, ele jurou encontrar um nicho, reduzir suas despesas fixas e, de modo geral, ser mais econômico. Ele conta que a empresa, especializada em criar vídeos promocionais curtos, tornou-se lucrativa já em seu primeiro ano.
Hoje, Gerber está com 27 anos e ainda não virou milionário, mas já saldou dívidas e aluga seu próprio apartamento. Em outubro, fundou o Conselho de Jovens Empreendedores, "para criar uma mudança de uma sociedade movida por currículos para outra em que as pessoas criam seu trabalho", diz ele. "Os empregos virão do nível empreendedor."
O conselho é dado por mais de 80 empresários de várias partes dos Estados Unidos, com idades entre 17 e 33 anos. Entre seus integrantes estão Scott Becker, 23, cofundador da Invite Media, uma firma de tecnologia de publicidade que foi comprada recentemente por uma unidade do Google, e Aaron Patzer, o empreendedor de 30 anos que vendeu a Mint.com à Intuit por US$ 170 milhões.
O conselho serve como "balcão" de assistência e mentoreamento para empreendedores individuais. Todos os meses, um grupo de membros do conselho responde a 30 ou a 40 de suas perguntas em publicações de negócios como "The Wall Street Journal" e "American Express Open Forum" e em dezenas de pequenos sites de empresas.
Os membros do conselho afirmam que jovens podem abrir suas empresas mesmo que tenham pouco dinheiro ou experiência. Mas aproximadamente 50% de todas as empresas novas quebram nos primeiros cinco anos de vida, revelam dados federais dos EUA. E a vida de um empreendedor é sabidamente cheia de riscos, tensões e sacrifícios.
O desemprego nos EUA está em 9,8%. Segundo a Associação Nacional de Faculdades e Empregadores, apenas 24,4% dos universitários formados em 2010 que se candidataram a um trabalho tinham um emprego esperando por eles ao se formarem (em 2009, o número equivalente foi 19,7%). "Não existe mais a dicotomia pura segundo a qual o empreendedorismo é arriscado, e outros empregos são seguros. Portanto, por que não fazer o que gosto?", diz Windsor Hanger, 22, cofundadora da revista on-line "HerCampus.com".
Graças à internet, os custos antecipados dos empreendedores caíram. Hoje é possível montar um site, promover conferências telefônicas nele, criar apresentações em slides e fazer reuniões ao vivo e seminários na Web -e tudo isso com muito pouco capital.
Por US$ 300 ao ano, Gerber alugou um endereço da Manhattan Virtual-Office.com, que encaminha correspondências de um endereço reconhecível. Ele diz que isso lhe poupou US$ 100 mil em aluguel e deu credibilidade à Sizzle It, cujos clientes, hoje, incluem a Procter & Gamble e a Gap. Ele faz a maior parte do trabalho em casa, em cafés ou em espaços de trabalho compartilhados.
Softwares de fonte aberta podem reduzir ou eliminar a necessidade de assistência técnica.
"Hoje em dia, tudo o que é preciso é um laptop, paciência e disposição", disse Shama Kabani, 25 anos, membro do conselho e fundadora da firma de marketing digital Marketing Zen, de Dallas, Texas, que tem receita anual na casa dos sete algarismos. Kabani contratou seus 24 funcionários on-line; 15 deles vivem nas Filipinas. "Nunca estive com nenhum deles cara a cara", diz ela.
Mas as empresas iniciantes precisam de algum dinheiro para começar. Scott Gerber, cuja mensagem é "ninguém lhe dará dinheiro", está lançando o Fundo Gen Y (geração Y), junto ao qual empreendedores jovens podem buscar financiamento. Gerber nunca assistiu a uma aula de economia ou negócios. "Eu me comuniquei por e-mail com pessoas de meu círculo e descobri quem sabia o que eu precisava saber", contou.
A falta de experiência pode ser uma vantagem. Quando Kabani abriu a Marketing Zen, ela tentou esconder sua idade. "Então, um de meus clientes me contou que me contratou porque eu tinha 23 anos. Ele queria alguém para quem o digital fosse sua primeira língua."
Para esses jovens empreendedores, o sucesso não aconteceu da noite para o dia. Outro integrante do conselho, Eric Bahn, 29 anos, levou vários anos para fazer sua empresa decolar. Trata-se da BeatTheGMAT.com, uma comunidade para candidatos a escolas de administração. Hoje, a firma gera receita de quase sete algarismos.
Ben Brinckerhoff, 28 anos, fundou a Devver.net, uma ferramenta on-line para testar softwares para computadores, em 2008. A firma foi fechada no mesmo ano.
"Existem 'contras' muito reais que se enfrentam para lançar uma empresa", disse ele. "Isso pode ferir o ego da gente e, financeiramente falando, ser um golpe enorme."


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