São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Sri Lanka deseja atrair investidores

Ilha devastada por guerra vira polo contábil global

Por HEATHER TIMMONS
COLOMBO, Sri Lanka - O Sri Lanka apresenta sua contribuição para o fenômeno da migração global de empregos: os contabilistas.
Tantos cingaleses estudaram contabilidade na época da guerra civil que esta nação, com cerca de 20 milhões de habitantes, tem hoje estimados 10 mil contadores.
Outros 30 mil estão matriculados em cursos de ciências contábeis, segundo o Instituto de Contadores Certificados do Sri Lanka.
Os escritórios cingaleses prestam serviços contábeis para algumas das maiores empresas mundiais. E o trabalho inclui gestão de riscos e precificação de derivativos, pesquisas de ações para bancos de investimentos e subscrição de seguros.
Com o uso disseminado do inglês e uma taxa de alfabetização superior a 90%, o Sri Lanka espera transformar sua modorrenta economia, baseada no chá e nos produtos têxteis, em uma potência na absorção de trabalhos terceirizados de alta qualificação. Estima-se que 50 mil cingaleses já trabalhem nos setores mais habituais do chamado "outsourcing", como a tecnologia da informação. Mas a estrela é a contabilidade.
Um vice-presidente da American Express, por exemplo, é um contabilista cingalês. Um "controller" financeiro do Standard Chartered Bank, nos Emirados Árabes Unidos, também. Mas o governo quer que esse talento financeiro fique na ilha e espera que o faturamento da "terceirização baseada no conhecimento" -o que inclui a contabilidade- triplique até 2015, chegando a US$ 1 bilhão.
Os baixos salários são parte importante do apelo do país. O rendimento médio anual dos contabilistas cingaleses é de US$ 5.900, segundo uma pesquisa deste ano.
O salário para profissionais financeiros a serviço de empresas estrangeiras é cerca de um terço inferior ao que se paga na vizinha Índia, e contratar é mais fácil, dizem executivos responsáveis por fazer negócios nos dois países.
"O talento qualificado é acessível", disse Dushan Soza, diretor-gerente da filial cingalesa da WNS Global Services, empresa especializada em "outsourcing".
Muitos executivos internacionais também admitem reservadamente que a arquitetura colonial de Colombo, os excelentes frutos do mar e a proximidade com as praias fazem do Sri Lanka um destino mais sedutor como viagem de negócios do que a Índia.
As universidades financiadas pelo Estado em geral nunca tiveram aqui vagas suficientes para os alunos qualificados e, muitas vezes, paravam de funcionar durante a guerra.
Então, os alunos que podiam pagar iam para escolas privadas -inclusive muitos cursos de contabilidade com origens britânicas, remontando à independência obtida em 1948.
O governo oferece incentivos, como isenções tributárias, telecomunicações subsidiadas e desburocratização na abertura de novas empresas, a fim de estimular as empresas estrangeiras a virem para cá em vez de se instalarem na Índia, no Leste Europeu ou nas Filipinas.
Um empreendimento, o Orion City, já atraiu grandes nomes, como uma divisão da gigante editorial Pearson e a MphasiS, empresa de tecnologia que tem como sócia a Hewlett-Packard e que pretende contratar 2.000 pessoas.
Jeevan Gnanam, 28, executivo-chefe do consórcio que administra o empreendimento, disse que é crucial desenvolver esse setor e atrair o capital estrangeiro. "O desenvolvimento precisa acontecer", afirmou ele, "para que as pessoas possam deixar a guerra no passado".


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