São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Nova bolha assombra setor de tecnologia

Por JENNA WORTHAM
e EVELYN M. RUSLI

Menos de uma década após o estouro da bolha ponto-com, um crescente número de empreendedores e alguns poucos investidores começam a se perguntar se o dinheiro colocado em novas empresas de tecnologia estaria formando outra bolha.
A exuberância deu origem a uma elite de "start-ups", todas valendo bilhões.
Sucessivos investimentos no Twitter teriam elevado seu valor em 33%, chegando a US$ 4 bilhões, enquanto o Zynga, criador do popular jogo FarmVille, no Facebook, vale mais de US$ 5 bilhões.
O Google estava disposto a pagar US$ 6 bilhões pelo Groupon, site de compras coletivas que há oito meses valia US$ 1,35 bilhão. E, no começo do mês, o Groupon estava disposto a rejeitar a oferta, supostamente porque irá valer ainda mais depois.
A maior evidência de que há uma bolha em formação, segundo analistas e especialistas do setor, é a forma como investidores de risco e empresas estabelecidas estão clamando por dar dinheiro a jovens companhias.
As que envolvem redes sociais e aplicativos para celulares são especialmente requisitadas.
Investidores teriam assinado um cheque de quase US$ 30 milhões para o Tumblr, um serviço de blogs. O GroupMe, um novo aplicativo de mensagens coletivas para celulares, arrecadou US$ 9 milhões. O Path, aplicativo do iPhone para o compartilhamento exclusivo de fotos em redes de até 50 pessoas, recebeu US$ 2,5 milhões. Seu concorrente Picplz levantou US$ 5 milhões.
"Não estou dizendo que o Quora, o Foursquare e o Square não venham a valer dinheiro, mas o preço a pagar para entrar nesses jogos é incrível -US$ 50 milhões a US$ 80 milhões", afirmou Dave McClure, sócio-fundador da 500 Startups, incubadora de tecnologia do Vale do Silício.
"Estou vendo muito mais gestos antinaturais por parte dos investidores", disse recentemente em seu blog o renomado investidor Fred Wilson. "Nunca vi fases assim acabarem bem", acrescentou.
Ninguém sabe ao certo se existe uma bolha até que ela estoure. Mas há sinais. Por exemplo, o entusiasmo por ações do Facebook é tamanho que investidores privados têm negociado derivativos delas.
Porém, embora o ritmo dos investimentos evoque a loucura que levou ao estouro da bolha ponto-com, existem diferenças significativas.
Para começar, essas empresas não negociam ações na Bolsa, mas vão atrás de grandes companhias de tecnologia, com montanhas de dinheiro em caixa. E os investidores estão mais conservadores.
Roger Ehrenberg, fundador e sócio-gestor da IA Ventures, disse que, na década de 1990, "as pessoas conseguiam US$ 50 milhões a US$ 200 milhões de repente, e isso derrubou um setor".
O frenesi atual é resultado da lei da oferta e procura. Graças à queda no custo do poder computacional, uma nova empresa precisa de menos dinheiro para ser lançada. Enquanto isso, cada vez mais ricos veem o investimento em tecnologia como um hobby, o que amplia a concorrência.
"O investimento 'anjo' era território dos ricos", disse Ehrenberg. "É território de todos agora."
O investidor Jeff Clavier, sócio-gerente da SoftTech VC, disse que o verdadeiro desafio para as "start-ups" com bastante capital recebido será provar que valem o investimento. "A música vai parar", afirmou, "e as pessoas vão perceber que não há cadeiras suficientes para que as empresas recebam a próxima rodada de financiamento".


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