São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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ARTE EM NOVA YORK

Artistas exploram estação de metrô abandonada

Por JASPER REES
Um novo e amplo espaço de exposições foi aberto em Nova York neste verão, com uma mostra que levou 18 meses para ser preparada. Obras de 103 artistas de rua do mundo, em sua maioria murais grandes, foram pintadas sobre as paredes da galeria.
É uma das maiores mostras de obras desse tipo já promovidas em um só lugar, e muitos dos colaboradores são figuras importantes, tanto da arte de rua quanto do comércio que gira em torno dele.
A existência da galeria era segredo, e a galeria fechou na noite em que a mostra foi inaugurada.
Conhecido como projeto Underbelly (a parte oculta, sombria), o espaço desafia as normas do mundo das galerias. Os colecionadores não podem comprar as obras, e o público não pode vê-las.
Isso porque a mostra foi montada de modo ilegal em uma estação de metrô abandonada há muito tempo. Além de procurar a "Sunday Times Magazine", de Londres, os curadores, eles próprios artistas de rua, ofereceram um tour do lugar a um repórter, sob a condição de que não fossem publicados detalhes que pudessem ajudar a identificar o local. Eles concordaram em ser identificados por pseudônimos.
Workhorse (o apelido significa pé de boi), com quase 31 anos, é um artista de rua conhecido, com representação em galerias; PAC, dez anos mais jovem, é menos conhecido, mas os seguidores de blogs sobre arte urbana estão familiarizados com ele. Os dois tiveram a ideia do projeto em 2008.
A dificuldade de chegar ao espaço do Underbelly mostrou a PAC e Workhouse que o projeto seria desafiador. Além dos riscos legais, eles temeram que, em vista da ansiedade gerada pela possibilidade de atos de terrorismo no metrô, seu projeto pudesse levar a acusações mais graves.
Nos últimos anos, disse, à medida que a arte de rua entrou em voga, fazendo com que "qualquer coisa que tenha chance de ser valorizada seja arrancada da rua por pessoas interessadas em ganhar dinheiro", o senso antigo de aventura ligado à arte de rua vem desaparecendo. PAC e Workhorse viram o projeto Underbelly como forma de recapturar a energia. Workhorse o descreveu como "exposição eterna, sem público".
Para montar a galeria secreta, eles definiram normas básicas. Cada artista teria direito a apenas uma visita, com quatro horas de tempo para trabalhar. Os artistas não poderiam sair para buscar mais materiais se os deles se acabassem. E, além dos materiais, os artistas tinham que pagar por seu próprio transporte, não importava a distância que percorressem.
Dos artistas internacionais convidados, a maioria era da Europa. Mas o maior número de colaboradores foi de americanos, entre eles nomes conhecidos como Ron English (cujo trabalho mais recente foi avaliado em US$ 200 mil), Swoon e Revok.
Para este repórter, as obras mais chamativas da exposição são as que estão sinistramente sintonizadas com o espaço, que lembra um verdadeiro submundo mitológico -entre elas, caveiras, um par de ratos imensos e um conjunto de traços tipográficos do grafiteiro britânico SheOne que lembram os rabiscos esqueletais feitos por um pintor das cavernas de Lascaux.
Os curadores acham que os trabalhos pintados, se ficarem intocados, poderão durar duas ou três décadas. Mas, mesmo que as obras sejam descobertas pelas autoridades de transportes, PAC comentou: "Gosto do fato de que o clima será apocalíptico, pois as coisas estarão se deteriorando".
A polícia já prendeu 20 pessoas por tentativa de entrar na estação de metrô abandonada e colocou agentes de plantão para vigiar o local.


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