São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011

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Ditadores têm costume de escapar com dinheiro vivo

Gaddafi precisará de muitas malas para "seu" dinheiro

Por GRAHAM BOWLEY
Enquanto seu país arde em chamas à sua volta, o coronel Muammar Gaddafi guarda dezenas de bilhões de dólares em dinheiro vivo -em dólares americanos, dinares líbios e possivelmente outras moedas- em bancos e em Bab Al Azizia, seu complexo residencial em Trípoli. A revelação foi feita neste mês por agentes de inteligência e uma pessoa com vínculos com o governo líbio.
Um fundo com essas dimensões ajuda Gaddafi a resistir a sanções econômicas e ao congelamento de ativos do governo líbio no exterior. E, se ele fugir do país, o dinheiro vivo será mais fácil de levar com ele que outros tipos de bens.
A história oferece uma longa lista de ditadores, déspotas e reis que acumularam dinheiro vivo para tempos de dificuldade. Há também casos de roubo puro e simples.
A ex-primeira-dama filipina Imelda R. Marcos e seus três filhos foram acusados de tirar 22 engradados de pesos filipinos do país quando fugiram das Filipinas para o Havaí, em 1986.
No Haiti, o presidente Jean-Claude Duvalier e sua mulher, Michele, sacaram pelo menos US$ 33 milhões do banco central do país, transferindo o dinheiro para contas no exterior, e podem ter guardado dinheiro e joias em um cofre-forte em Manhattan.
O ditador panamenho general Manuel Antonio Noriega teria guardado US$ 5,8 milhões em cédulas de US$ 10, US$ 20, US$ 50 e US$ 100 em um armário de arquivos em sua residência. As autoridades americanas confiscaram o dinheiro durante a invasão do Panamá em 1989.
Segundo o jornal sul-africano "The Sunday Independent", em 1997, antes de Laurent Kabila chegar ao poder no Congo (ex-Zaire), assessores do ex-presidente Mobutu Sese Seko tiraram do país caixotes de diamantes e mais de US$ 40 milhões em dinheiro vivo em um jato fretado pelo governo sul-africano.
Em 2003, nas horas antes de bombas americanas começaram a cair sobre Bagdá, um dos filhos do presidente Saddam Hussein, Qusay Saddam Hussein, teria, segundo autoridades, carregado quase US$ 1 bilhão em dinheiro vivo dos cofres-fortes do Banco Central iraquiano.
O volume de dinheiro era tão grande -cerca de US$ 900 milhões em cédulas de US$ 100 e até US$ 100 milhões em euros- que uma equipe de trabalhadores levou duas horas para carregar o dinheiro em três carretas.
Os US$ 10 bilhões de Gaddafi, se estiverem em cédulas de US$ 100, por exemplo, empilhadas, pesariam cerca de cem toneladas métricas.
De acordo com Jack Weatherford, autor de "The History of Money", as dificuldades de conservar grandes quantidades de dinheiro acumuladas são evidentes desde o início da civilização. Parte do problema, disse o autor, é que "insetos, ratos e outros animais roem o dinheiro".


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