São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2011

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

DESCOBERTAS

Regenerando o coração
Já se sabia que alguns peixes e anfíbios são capazes de regenerar seu coração sem deixar cicatriz, mas agora esse fenômeno notável foi visto pela primeira vez em mamíferos.
O cardiologista Hesham Sadek e seus colegas do Centro Médico da Universidade Southwestern, do Texas, relataram na revista "Science" que, se parte do coração for retirada na primeira semana de vida de um rato, o coração volta a crescer.
Os pesquisadores retiraram cerca de 15% da porção inferior do coração, conhecida como o ápice, em ratos de laboratório. Em três semanas, o tecido perdido se regenerou, e os corações estavam curados.
"Mas, aos sete dias, essa notável regeneração se perde, e, em vez de renovar os tecidos, há uma insuficiência cardíaca", disse Sadek. "Nos seres humanos, pode levar alguns meses após o nascimento para que isso se perca."
As células pulsantes que permanecem ilesas no coração do recém-nascido podem ser a fonte das novas células. Ou as células-tronco podem estar contribuindo para o processo.
O trabalho oferece a esperança de que os médicos um dia sejam capazes de curar doenças cardíacas. Se crianças recém-nascidas também conseguem regenerar o coração, pode haver uma forma de reiniciar tal capacidade em adultos.
"Estamos examinando alguns genes que podem regular esse processo e, em seguida, podemos procurar drogas que ativem os genes", disse Sadek. "Talvez possamos lembrar ao coração como fazer isso."

SINDYA N. BHANOO

Dor nas costas eterna
Sobrecarga da coluna e idade são alguns dos mais conhecidos fatores de risco para a lombalgia. Mas talvez baste uma consulta à árvore genealógica para prever uma vida de dores nas costas. Um crescente número de estudos tem descoberto que a lombalgia crônica possui um forte componente genético. No passado, pesquisadores tinham dificuldades em isolar fatores ambientais que parentes costumam ter em comum -como seguirem a mesma carreira ou terem hábitos parecidos, como o tabagismo e o sedentarismo. Agora, novos estudos demonstram uma clara ligação.
Num trabalho publicado em fevereiro na revista "The Journal of Bone and Joint Surgery", pesquisadores da Universidade de Utah usaram registros de um banco de dados genealógico e hospitalar para avaliar mais de 1 milhão de pessoas. Eles se concentraram em pessoas com degeneração ou hérnia de disco -o que resulta em dor crônica. Os dados mostraram que ter um parente de segundo grau (tios ou avós) ou de terceiro grau (primos) com esse problema aumentava o risco para a pessoa, independentemente dos fatores ambientais. Se um parente ainda mais próximo tinha lombalgia, o risco mais do que quadruplicava.
Outros estudos têm reforçado essa hipótese ao identificar pelo menos duas versões de um gene que produz uma proteína de colágeno e aparece intimamente ligada à hérnia de disco e ciática. Conclusão: o desenvolvimento da lombalgia parece ter um componente genético.

ANAHAD O'CONNOR

Cuidado com energético
Uma ampla análise dos efeitos das bebidas energéticas com alto teor de cafeína sobre crianças e jovens indica uma correlação com incidentes graves -incluindo taquicardia, hipertensão e até mesmo morte por parada cardíaca. Os riscos são ainda maiores para jovens que usam medicamentos ou têm doenças crônicas.
O estudo, publicado na revista "Pediatrics", cita a literatura médica e estudos científicos e descreve regulamentações adotadas por vários países (Dinamarca, Turquia e Uruguai baniram os energéticos; a Noruega proíbe a venda a menores de 15 anos).
Os pediatras são aconselhados a discutirem os riscos com seus pacientes, especialmente aqueles com doenças cardíacas e transtornos de humor e comportamento. O alto teor de açúcar agrava o risco para diabéticos. As bebidas energéticas contêm 70 a 80 miligramas de cafeína por dose de 227 gramas, cerca do triplo da concentração vista em refrigerantes de cola.

RONI CARYN RABIN



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