São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

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DIÁRIO DE RODES

Nem as belas praias atraem mais multidões à Grécia

Por NIKI KITSANTONIS

RODES, Grécia - Faliraki, um balneário no nordeste da ilha de Rodes conhecido por suas longas praias e a vida noturna agitada, é uma imagem de tranquilidade nestes dias de início de verão no hemisfério Norte. As praias, muito limpas, estão pouco povoadas, os bares, praticamente vazios, e o novo hotel cinco-estrelas de Vassilis Minaidis está perturbadoramente silencioso.
"É um tempo difícil; realmente precisamos de clientes", disse Minaidis, 74, sentado no terraço do hotel, onde alguns casais beliscam saladas gregas e tira-gostos olhando para as águas turquesa do mar Egeu. Estes são recém-chegados, atraídos por ofertas de última hora, disse Minaidis, que baixou os preços em 20% para ocupar os 350 quartos de seus dois hotéis. Mas as reservas caíram aproximadamente na mesma porcentagem.
"É a batalha da Grécia", disse, referindo-se à crise da dívida do país, cujas repercussões hoje parecem estar afetando o turismo.
Em outros locais da ilha, inúmeros hoteleiros contam a mesma história. Muitos hotéis menores e pousadas nem sequer abriram. Os que o fizeram parecem abandonados: terraços e balcões enfeitados com brincos-de-princesa e primaveras, vazios, com uma ou outra toalha no parapeito dando esparsos sinais de vida.
A evidência da crise está em toda parte. Longos trechos de praia estão salpicados de espreguiçadeiras coloridas, a maioria desocupada. Ao pôr-do-sol, os pátios de pedra do castelo medieval na cidade ecoam sob os passos dos poucos casais que passeiam.
São cenas raras em Rodes, uma ilha de 117 mil habitantes que em 2008 encabeçou a lista de destinos de férias preferidos dos europeus no guia de viagens on-line TripAdvisor. Mas, depois de um 2009 fraco, é um dos diversos destinos gregos que sofreram declínio acentuado na procura.
A Câmara Helênica de Hotelaria disse que as reservas caíram neste ano em média 30% em todo o país e 20% em Rodes.
Exatamente por que a Grécia está sofrendo tanto é um assunto polêmico. Os hoteleiros em Atenas e nos resorts litorâneos ainda estão se recuperando de cerca de 30 mil cancelamentos no mês passado, provocados por uma série de greves gerais e protestos em massa, um dos quais causou três mortes quando um banco foi alvo de bombas incendiárias.
Os trabalhadores que protestam contra as medidas de austeridade impostas pelo governo planejam novas greves neste mês, ameaçando perturbar as rotas aéreas e marítimas e frustrando os turistas a caminho da Grécia.
Os balneários gregos também estão sendo prejudicados pela falta de dinheiro do governo de Atenas, que já deve às organizações de mídia estrangeiras 100 milhões de euros pelas últimas campanhas de publicidade. Minaidis disse que não tem dúvida de que a crise da dívida, as greves e as bombas caseiras são culpadas pela recessão. "Nossa única publicidade neste ano foram as más notícias", disse.


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