São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009

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Amamentação é capaz de substituir a dieta?

Por CATHERINE SAINT LOUIS
Quando Jessica Jochim voltou dos três meses de licença-maternidade, causou inveja em suas colegas de trabalho na loja Babies "R" Us. Depois de ganhar 18 kg na sua primeira gestação, ela gradualmente voltara ao manequim 38. Mas exercícios eram uma relíquia pré-bebê, e ela não fazia dieta. Na verdade, a cada duas horas ela beliscava alguma coisa. Seu segredo? Amamentar o recém-nascido James quando ele pedia e, no resto do dia, tirar o leite com uma bomba para levar para casa.
"As mulheres no trabalho começaram a brincar, dizendo que iam tirar leite para que pudessem perder peso como eu", disse Jochim, hoje mãe de três filhos, moradora de Vancouver, Estado de Washington. "Eu tinha um bebê sugando 600 calorias diárias de mim."
Há muito tempo se suspeita que a amamentação ajude a perder o peso acumulado na gravidez. Mas, ultimamente, um desfile de celebridades tem atribuído seu emagrecimento pós-parto à amamentação, devolvendo esse antigo tópico aos holofotes. Some-se a isso um grande estudo que sugere que a perda de peso pela amamentação não é um mito.
Há alguns meses, a atriz Rebecca Romijn disse que amamentar seus gêmeos foi "a melhor dieta" que ela já fez. Depois que Angelina Jolie apareceu amamentando na capa da revista "W", em novembro de 2008, ela disse que a prática a ajudou a recuperar a forma. (Aquela capa inspirou uma estátua em bronze de Jolie nua, amamentando seus gêmeos, exposta no mês passado em Londres.)
"Ninguém quer admitir que está fazendo isso por si mesma, ou 'Estou fazendo isso para ficar gostosa outra vez'", disse Jesse Comer, de Portland, Oregon, cuja principal motivação para amamentar foi a saúde do bebê. "É duro admitir aos outros que nem tudo tem a ver com o bebê." Mas Comer achava que, "até que meu peso baixasse, eu não me sentiria eu mesma".
No ano passado, um estudo com 36 mil dinamarquesas concluiu que, quanto mais uma mulher amamenta, menos peso ela retém seis meses após o parto. Alguns fatores determinaram quanto ela perde: se estava acima do peso antes da gravidez, quanto ganhou na gestação e a duração da amamentação, segundo Kathleen Rasmussen, uma das autoras do estudo e professora de nutrição da Universidade Cornell, em Nova York.
Os dados do estudo impressionaram especialistas como Cheryl Lovelady, professora de nutrição da Universidade da Carolina do Norte, em Greensboro. Mas, disse, ela, "nós [norte-americanas] não amamentamos por tanto tempo quanto elas [dinamarquesas]".
Outros estudos concluíram que as lactantes não necessariamente emagrecem mais rápido que as mulheres que dão fórmula infantil a seus bebês. Um pequeno estudo conduzido no Centro Médico do Hospital Pediátrico de Cincinnati apontou que não lactantes perdiam mais gordura corporal do que as lactantes após seis meses, e mais rapidamente. Karen Wosje, coordenadora da pesquisa, sugeriu que prolactina, hormônio estimulante do apetite, poderia levar as lactantes a comerem demais. Ou então que as não lactantes poderiam se exercitar mais vigorosamente nesses primeiros seis meses.
Que fazer então com as histórias das prodigiosas comilanças das lactantes esbeltas? Lovelady suspeita que algumas das que dizem comer sem consequências costumavam ser "comedoras moderadas". Ou seja, ingeriam menos calorias do que gastavam -digamos 1.700 calorias em vez de 2.000-, o que desacelerava seu metabolismo. Uma vez grávidas, elas comiam o suficiente para manter seu metabolismo ativo para o bem do bebê. Após o parto, perdem cerca de meio quilo por semana, segundo Lovelady. Mesmo assim, "elas estão comendo bem mais", já que produzir o leite exige cerca de 500 calorias por dia.
Outros sugerem que as mulheres que veem a amamentação como uma ferramenta de emagrecimento podem ter "questões corporais mais profundas", disse Claire Mysko, uma das autoras de "Does This Pregnancy Make Me Look Fat?" ("Esta gravidez me faz parecer gorda?").
Melissa Ramsay Miller, que amamenta um bebê de quatro meses, tem claros os limites da amamentação em "devolver seu corpo" ao que era. Ela ainda precisa perder 2 kg e se queixa de uma "barriga mole". "Não faz sentido que volte ao que era", disse ela, conformada. "Estou bem com isso."


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