São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros LENTE Brincar com a comida Vista um avental branco de laboratório, ajuste os fones de ouvido e preste atenção à voz que o orienta a fechar os olhos e respirar. Experimento científico? Talvez. Mas é uma sobremesa de US$ 20 no Park Avenue Winter, em Nova York, e foi obra da artista Marina Abramovic. Uma montanha flambada de sorvete de chocolate escuro e pão-de-ló de amêndoas coberta de merengue suíço e folheado de ouro foi servida com um tocador de MP3, no qual a voz suave de Abramovic conduziu os comensais pelos aspectos mentais e sensórios do Vulcão Flambado: "Este é um experimento..." Antigamente era conhecido como um jantar. Hoje, porém, o ato de jantar fora foi convertido em brincadeira ou truque. E é bom você correr para conseguir seu ingresso, senão perderá o mais recente espetáculo culinário de Chicago. A disputa por ingressos para o restaurante de Grant Achatz, Next, levou a lances de até US$ 3.000 por um grupo de lugares. O preço dos ingressos, que cobrem tudo, varia entre US$ 45 e US$ 75, mas a guerra de lances entre desesperados por um lugar elevou os preços a US$ 500 ou até mais, relatou o "The New York Times". Outro frenesi ocupa o lado oposto do espectro: a corrida para conseguir o melhor desconto em uma refeição. Uma nova estirpe de caçadores de pechinchas vem clicando sobre promoções de almoços ou jantares através de sites como Groupon, BlackboardEats e VillageVines. Nessa "corrida ao ouro dos cupons on-line", a Groupon, que diz ter 60 milhões de assinantes, está lançando o aplicativo baseado em GPS Groupon Now, que traz descontos locais com horários específicos, para que os restaurantes possam encher mesas em horários fora de pico. O timing é tudo se você quer encontrar uma garrafa de seu vinho a um preço convidativo. Nos últimos anos, começaram a surgir sites de vendas de vinho pontuais, como WineAccess e Wines Til Sold Out, oferecendo quantidades limitadas de vinhos com descontos grandes que duram apenas um ou dois dias. É uma corrida para conseguir aquele Château Angelus 2006 por quase US$ 100 a menos que o preço original de US$ 250. "Às vezes, você precisa reagir em 15 minutos para conseguir uma ótima pechincha", contou ao "Times" Jim Barnyak, de Seattle, que compra nos sites. Se tudo isso for acelerado demais, quem sabe uma sessão de ioga -seguida por um jantar- seja uma pedida melhor, já que você poderá "saborear, cheirar e digerir em um estado de consciência intensificada". Na promoção "Ioga para Gourmets", no Exhale Spa, em Manhattan, a sessão de ioga é seguida por massas, vinhos e chocolate. Parece que algumas pessoas apreciam e conhecem a verdade do bacon, tanto assim que se dispõem a usá-lo sobre o corpo. A empresa Fargginay, de Chicago, lançou uma colônia com aroma de bacon. A pergunta mais importante, porém, é "é você quem está usando o bacon ou o bacon que está usando você?". A iogue Cameron Alborzian, que lançou um livro sobre a abordagem aiurvédica à alimentação, disse ao "Times" que "a comida tornou-se um peso que carregamos. Muitas pessoas já deixaram de olhar para a vida com interesse e expectativa. Elas têm tal interesse apenas em relação à comida. As pessoas me dizem 'mas eu amo a comida'. Eu digo a elas: 'Você não pode amar alguma coisa que é sua dona'." ANITA PATIL Envie seus comentários para nytweekly@nytimes.com Texto Anterior: Iraque se afasta do islã extremista Próximo Texto: Tendências Mundiais Ameaça de inflação enerva os parceiros da China Índice | Comunicar Erros

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