São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Em bares, álcool e armas

Por MALCOLM GAY
NASHVILLE - As cervejas no happy hour saíam por US$ 5 no Past Perfect, um bar cavernoso não muito longe da faixa de bares dançantes e lojas turísticas desta cidade, quando Adam Ringenberg, 30, entrou com uma pistola 9 milímetros carregada, no bolso dianteiro de sua calça cinza.
Ringenberg, um consultor de tecnologia, é um dos quase 300 mil portadores de armas autorizados deste Estado que recentemente viram seus direitos muito ampliados por uma nova lei -uma das primeiras dos Estados Unidos- que permite que eles portem armas de fogo carregadas em bares e restaurantes que servem bebida alcoólica.
"Se alguém apontar uma arma para a minha cara, não vou contar com sua caridade para continuar vivo", disse Ringenberg.
Os defensores do direito a usar armas, como ele, podem aplaudir a nova lei, mas muitos clientes, garçons e donos de restaurantes ficaram chocados com a decisão.
"Isso não é bacana no meu entender", disse Art Andersen, 44, no Sam's Sports Bar and Grill, perto da Universidade Vanderbilt. "É abrir a porta para confusão."
O Tennessee é um dos quatro Estados, juntamente com Arizona, Geórgia e Virgínia, que aprovaram recentemente leis que permitem armas carregadas em bares. As novas medidas no Tennessee e nos outros três Estados surgem depois de duas decisões históricas da Suprema Corte, de que os cidadãos têm o direito individual de manter uma arma carregada para defesa doméstica.
As decisões, que derrubaram proibições de armas em Washington e Chicago, reforçaram a posição dos defensores das armas em todo o país. Mais de 250 processos hoje contestam várias leis antiarmas nos EUA.
O deputado estadual Curry Todd, um republicano que apresentou a lei das armas em bares aqui, disse que portar uma arma em uma taverna nunca foi o objetivo inicial da lei. Ele disse que ela principalmente permite que as pessoas se defendam enquanto entram e saem de restaurantes.
"As pessoas estavam sendo roubadas, assaltadas -estava se tornando uma questão de segurança pessoal", disse Todd.
Sob a nova lei do Tennessee, os portadores de armas licenciados não devem beber álcool enquanto estiverem armados.
Mas os críticos da lei dizem que o dispositivo não garante a segurança.
"Armas e álcool não se misturam; essa é a conclusão final", disse Michael Drescher, um porta-voz do governador do Tennessee, Phil Bredesen (democrata), que vetou a lei, mas foi derrotado no Legislativo.
A lei permite que donos de bares e restaurantes proíbam as pessoas de portar armas dentro de seus estabelecimentos, colocando avisos. Mas muitos deles relutam em contrariar seus clientes armados.
Até agora, a lei só foi contestada uma vez. Apresentada por um garçom anônimo, a queixa afirmou que permitir armas em um bar cria um ambiente de trabalho inseguro. Sua queixa foi recusada pela Divisão de Segurança e Saúde Ocupacionais do Estado.
"Uma arma carregada oculta é um perigo reconhecido em um bar", disse David Randolph Smith, um advogado que representa o garçom e se prepara para apelar da decisão.
"Eu tenho o direito de entrar em um restaurante ou bar e não ter pessoas armadas. E, é claro, o garçom tem o direito a um local de trabalho seguro."
No Bobby's Idle Hour, porém, Mike Gideon, disse não acreditar que as armas levem insegurança aos bares.
"As pessoas com porte de arma têm as fichas policiais mais limpas", disse Gideon, 54.
"O sujeito que vai fazer coisas erradas não está nada preocupado com a lei."


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