São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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Facebook faz 'amizade' com o mundo, um país por vez

Por MIGUEL HELFT

O Facebook, serviço de rede social que começou em um dormitório da Universidade Harvard apenas seis anos atrás, está crescendo em um ritmo estonteante ao redor do globo, alcançando a marca de 500 milhões de usuários, contra 200 milhões 15 meses atrás.
Ele está empatando com o Orkut da Índia, propriedade do Google, que há apenas um ano tinha o dobro do tamanho do Facebook. No último ano, o Facebook cresceu oito vezes no Brasil, atingindo 8 milhões de usuários, onde o Orkut tem 28 milhões.
Em um país após o outro, o Facebook está deslocando outras redes sociais. No Reino Unido, ele tornou irrelevante o antes popular Bebo, obrigando a AOL a vender o site com um enorme prejuízo dois anos depois de tê-lo comprado por US$ 850 milhões.
Na Alemanha, o Facebook ultrapassou o StudiVZ, que até fevereiro era a rede social dominante no país. Apenas dois anos atrás, o Facebook só era encontrado em inglês. Mas quase a metade de seus usuários estava fora dos EUA, e sua presença era forte em Reino Unido, Austrália e outros países de língua inglesa.
Com cerca de dois terços de todos os usuários da internet nos Estados Unidos inscritos no Facebook, a empresa se concentrou na expansão internacional.
A tarefa de expandir o site no exterior coube a Javier Olivan, um espanhol de 33 anos. Olivan liderou um esforço inovador para fazer que os usuários do Facebook traduzissem o site para mais de 80 línguas. Outros sites da web e empresas de tecnologia já tinham usado voluntários.
A tarefa foi imensa. O Facebook não apenas encorajou os usuários a traduzir partes do site, mas também deixou que outros usuários refinassem essas traduções ou escolhessem entre diversas opções. Quase 300 mil usuários participaram.
"Ninguém havia feito isso na escala em que nós fizemos", disse Olivan.
O esforço recompensou. Atualmente, cerca de 70% dos usuários do Facebook estão fora dos Estados Unidos. O número de usuários mais que triplicou no México, para 11 milhões, e mais que quadruplicou na Alemanha, chegando a 19 milhões.
A cada nova tradução, o Facebook entrou em um novo país ou região, e sua disseminação com frequência refletiu os laços entre nações ou o movimento das pessoas através das fronteiras.
Depois de se tornar popular na Itália, por exemplo, o Facebook se espalhou para as regiões de língua italiana na Suíça.
Quando o Facebook começou a ganhar força no Brasil, a atividade foi mais intensa no sul do país, na fronteira com a Argentina, onde a plataforma já era mais popular.
"É um mapeamento do mundo real", disse Olivan.
Com sua típica autoconfiança, Mark Zuckerberg, 26, o executivo-chefe do Facebook, disse recentemente que é "quase garantido" que a empresa atingirá 1 bilhão de usuários.
"Eles foram mais inovadores do que qualquer outra rede social e vão continuar crescendo", disse Jeremiah Owyang, analista do Altimeter Group, uma empresa de consultoria. "O Facebook quer ser onipresente e está tendo sucesso por enquanto."
Mas o site não é popular em todos os lugares: por exemplo, é amplamente bloqueado na China. E, com menos de 1 milhão de usuários no Japão, na Coreia do Sul ou na Rússia, fica atrás das redes sociais locais nesses grandes mercados.
O Facebook recentemente enviou alguns de seus melhores engenheiros para um novo escritório em Tóquio, onde estão refinando pesquisas para trabalhar com os três scripts japoneses.
Na Coreia do Sul, o site trabalha com operadoras de rede para garantir a distribuição do serviço.
"Eu acho que o Facebook é vencedor por dois motivos", disse Bling Gordon, sócio da firma de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers e membro do conselho da Zynga, fabricante de jogos populares no Facebook. Gordon disse que o Facebook contratou alguns dos melhores engenheiros do Vale do Silício. "Eles abriram uma nova plataforma e têm os melhores aplicativos nela", disse Gordon.
A rápida ascensão do Facebook não preocupa nenhuma companhia mais que o Google. Os bilhões de links publicados por usuários do Facebook transformaram a rede social em um importante condutor de usuários para sites de toda a web. Essa era a função do Google.
O Google tentou entrar nas redes sociais, mas nenhuma de suas iniciativas prejudicou o Facebook.
O Google ganha dinheiro com publicidade, e até nisso o Facebook representa um desafio.
"Não há nada mais ameaçador para o Google do que uma empresa que tem 500 milhões de assinantes, sabe muito sobre eles e coloca anúncios dirigidos na sua frente", disse Todd Dagres, sócio da empresa de investimentos Spark Capital, que investiu no Twitter e em outras firmas de redes sociais.
"Cada segundo que as pessoas estão no Facebook e para cada anúncio que o Facebook coloca na frente delas, é um segundo a menos que elas estão no Google e um anúncio a menos que o Google coloca na frente delas."


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