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Hollywood húngara cresce em meio às adversidades
Por DAN BILEFSKY
BUDAPESTE - A pitoresca capital da Hungria, no coração da Europa, já teve muitos papéis.
Encarnou as ruas sensuais de Buenos Aires no filme "Evita" (1996), do diretor Alan Parker; forneceu o ambiente de vingança e ameaça terrorista em "Munique" (2005), de Steven Spielberg; e agora assumiu o lugar de Roma em "The Rite", um thriller estrelado por Anthony Hopkins, a ser lançado no ano que vem.
Apesar de toda a versatilidade da cidade como locação, são as dificuldades econômicas que estão ajudando a transformar a Hungria numa Hollywood às margens do rio Danúbio.
Dezenas de produções estrangeiras de cinema e TV estão preferindo Budapeste a Praga, Paris, Londres ou Sófia na hora de filmar na Europa, atraídas em grande parte por um abatimento fiscal de 20% sobre os custos de produção, por uma moeda local desvalorizada e pelos baixos salários dos técnicos.
"Cada centavo que se puder economizar e colocar na tela é uma enorme dádiva para os cineastas", disse Steve Auer, diretor de operações em Budapeste da Raleigh, uma das maiores produtoras independentes de cinema dos EUA.
Em abril, a Raleigh inaugurou um complexo de 16 hectares nos arredores de Budapeste.
O projeto, de US$ 75 milhões, contém um estúdio de 3.700 m2 que está entre os maiores da Europa e até dos EUA.
Uma parte do terreno está sendo usada para reproduzir o opulento Hotel de Paris, em Mônaco, para o filme "Monte Carlo", coproduzido por Nicole Kidman, a ser lançado em 2011.
Denise Di Novi, uma das produtoras de "Monte Carlo", disse que, por realizar a filmagem principalmente na Hungria, em vez de na França, o estúdio está obtendo uma economia de milhões de dólares.
"A Hungria possui técnicos com a mesma capacidade dos de Hollywood, mas é muito mais barato rodar aqui", disse ela.
Com a queda do comunismo, há 20 anos, mais países da Europa Central e Oriental entraram numa disputa para se tornar o primo pobre -e econômico- de Hollywood, uma busca que ficou ainda mais urgente porque a crise financeira global lhes obriga a buscar novos recursos para reabastecer seus cofres públicos.
A Hungria tem uma tradição cinematográfica mais do que centenária. Já produziu titãs como Adolph Zukor, fundador da Paramount Pictures; sir Alexander Korda, fundador da London Films e produtor de "O Terceiro Homem" (1949); e Michael Curtiz, diretor de "Casablanca" (1942).
Desde que a Hungria adotou o abatimento fiscal, em 2004, o rendimento com filmes estrangeiros e coproduções mais do que decuplicou, chegando a US$ 157 milhões em 2009, segundo o Departamento Nacional do Cinema Húngaro.
O governo argumenta que o glamour decorrente se tornar um centro cinematográfico também melhora a imagem do país e que isso atrai mais turismo e investimentos.
Por outro lado, os cineastas dizem que ainda há várias dificuldades. Os controles burocráticos podem ser assombrosos.
E Andras Rez, um importante crítico cinematográfico local, notou que as produções estrangeiras também enfrentam resistência de alguns húngaros, temerosos de que uma invasão de Hollywood esteja poluindo a cultura popular. Mas ele acredita que os cineastas húngaros vão se beneficiar.
"Na década de 1960, houve um filme feito em Budapeste chamado 'Por Que Filmes Húngaros São Tão Chatos?'', afirmou ele. "Então este país pode aprender alguma coisa com Hollywood."
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