Por THOMAS VINCIGUERRA

Não é de hoje que a ideia de um carro voador fascina a imaginação do público preso no trânsito. "Ele sempre foi o sonho de qualquer mecânico", comentou Tyghe Trimble, editor on-line da "Popular Mechanics". "As pessoas estão tentando chegar a esse Santo Graal."
O graal parece estar mais perto de ser encontrado. No mês passado, o Terrafugia Transitions subiu ao céu num voo-teste breve, mas bem-sucedido em Pittsburgh, Nova York. Dotado de asas dobráveis que podem convertê-lo de automóvel (com lugar para motorista e um passageiro) em avião em 15 segundos, o Terrafugia pode estar disponível ao público já no final de 2010.
"Este voo é símbolo de uma nova liberdade na aviação", disse o executivo-chefe da Terrafugia, Carl Dietrich, que comandou a equipe que projetou o veículo no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
John Brown, editor-chefe do site "Roadable Times", ponderou: "Já houve 104 carros voadores, e nenhum deles foi praticável". Brown listou alguns obstáculos técnicos: "Automóveis e aviões têm motores totalmente distintos. E os carros têm uma aerodinâmica que os mantêm no chão, enquanto o avião é projetado para fazer exatamente o contrário".
Mas muitos acham que esses desafios mecânicos podem ser superados, graças a motores mais fortes, leves e feitos de novos materiais, como os derivados de fibras de carbono. John Brown concorda. "Nos próximos cinco anos, o mundo já terá um veículo voador prático que poderá ser usado para ir da casa ao trabalho", disse, agregando que 11 empresas ou consórcios no mundo estão desenvolvendo suas versões de carros voadores.
Contudo, mesmo que seja possível produzi-los de maneira praticável, restam outros obstáculos. Um deles é o custo. A previsão é que o Terrafugia custará cerca de US$ 194 mil, fazendo dele o que alguns aficionados por aviação chamam de RMT , ou BR, em português (brinquedo de ricos). Outra dúvida: quem seria qualificado para dirigir esses veículos? Normalmente é necessário um brevê de piloto.
"O carro voador que visualizamos não é pilotado por humanos", respondeu Daniel Wilson, autor de "Where's My Jetpack? A Guide to the Amazing Science Fiction Future That Never Arrived" (Cadê minha mochila voadora? Um guia ao incrível futuro de ficção científica que nunca chegou). "Um carro voador que funcione em grande escala precisará de certo grau de autonomia, porque a maioria dos humanos não sabe pilotar. Somos péssimos motoristas no solo. Quando se acrescenta outra dimensão a isso e se tira a estrada, fica ainda mais difícil."
Para Wilson, a solução pode estar em mecanismos guiados por GPS para evitar colisões e sistemas de controle baseados em terra. "Muito tempo depois de termos a tecnologia, ainda não teremos os carros voadores, porque ainda teremos que decidir quem será responsável quando houver acidentes."
Especialistas em aviação concordam que carros voadores podem ser úteis para usos especializados. O modelo experimental M400 Skycar, que está sendo desenvolvido pela Moller International, na Califórnia, é uma aeronave de asas fixas que pode andar em terra e que, se aperfeiçoada, poderá realizar pousos e decolagens verticais. "Imaginamos que os primeiros a adotar o Skycar provavelmente serão usuários militares ou serviços de atendimento a emergências", disse Bruce Calkins, gerente-geral da Moller.


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