São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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EUA ficam para trás na economia ecológica

Por ELISABETH ROSENTHAL
LEICESTER, Inglaterra - O Grupo Mark começou a olhar para além da Inglaterra quando percebeu que seu negócio principal -isolamento de casas velhas usando tecnologia inovadora- naufragaria nos anos seguintes devido à saturação do mercado.
Em grande parte por causa dos subsídios generosos do governo e da obrigação em poupar energia, mais de 80% das casas mais antigas do país tinham sido pelo menos parcialmente adaptadas até 2010, segundo o Grupo Mark.
Assim, o Grupo Mark abriu recentemente seu mais novo escritório em outro país, que possui relativa escassez de conhecimento na atividade da empresa de diminuir as contas de energia das casas, bem como as emissões de gases do efeito estufa.
O escritório é na Filadélfia. "Os Estados Unidos eram um mercado quase intocado, com 120 milhões de lares, a maioria muito ineficiente em matéria de energia", disse Bill Rumble, diretor comercial da empresa.
Muitos países europeus -juntamente com China, Japão e Coreia do Sul- partiram para o desenvolvimento de tecnologias de redução de carbono por meio de uma combinação de políticas robustas que misturam investimento direto, incentivos fiscais, empréstimos e regulação.
Mas, com o Congresso dos EUA dividido sobre se a mudança climática é real, os esforços americanos têm sido medíocres.
Um relatório do Pew Charitable Trusts revelou que o setor de tecnologia limpa dos EUA está "sob risco" por causa de "incertezas sobre políticas de incentivo fundamentais."
"Estamos falando de um negócio de US$ 5 trilhões e, se deixarmos de ser jogadores de destaque na economia da nova energia, os custos serão surpreendentemente altos para este país", disse Hal Harvey, um engenheiro da Universidade de Stanford na Califórnia, que foi assessor de ambos os Clinton e da primeira administração dos Bush. Embora o pacote de estímulo de 2009 tenha resultado em US$ 45 bilhões, muito pouco está sendo feito agora. "Deixamos a política energética sucumbir à política partidária".
A entrada agressiva do Reino Unido no campo mostra o poder dos incentivos estatais. O "Green Deal" deles está sendo encabeçado pelo governo de coalizão conservadora. No Reino Unido, a redução das emissões de dióxido de carbono foi uma das poucas políticas apoiadas por partidos políticos de direita e de esquerda.
Autoridades dos EUA do Departamento de Energia evidenciam frustração por não poderem fazer mais sem o apoio do Congresso. Arun Majumdar, conselheiro do secretário de Energia Steven Chu, disse que o orçamento do departamento de US$ 5 bilhões para pesquisa deve ser triplicado.
Dos três maiores operadores de parques eólicos fazendo negócios nos EUA, apenas um, o NextEra, é americano. Iberdrola é espanhol, e Horizon Wind Energy é subsidiária da Energias de Portugal. Entre os fabricantes de peças para a indústria, apenas um americano, a General Electric, está entre os dez maiores. Alguns dos outros são Suzlon (Índia), Vestas (Dinamarca) e Goldwind (China).
Com menos metas ambiciosas para coisas como reduções de emissões e incentivos financeiros, práticas comuns em outros lugares, as políticas dos EUA têm feito pouco para estimular a indústria. Quando David Slap contratou o Grupo Mark para criar uma rede de energia própria em sua casa de quatro quartos localizada em Penn Valley -por temer alta no preço dos combustíveis-, teve de pagar mais de US$ 5.000.
No Reino Unido, isso não acontece. Há um programa de subsídio oferecido pelo governo. Os mais pobres e velhos recebem as melhorias em casa gratuitamente. Outros pagam menos de US$ 1.000 para isolar uma casa de quatro quartos, o que representa subsídio de 40% a 60% do custo. Os residentes recuperam o investimento de 12 a 18 meses, já que as contas de luz depois do isolamento caem de 20% a 30%. Alguns incentivos federais nos EUA estão no horizonte, mas dependem de aprovação do Congresso. As companhias americanas serão capazes de competir globalmente no futuro?
A resposta é negativa se os EUA não investirem mais em pesquisa em energia renovável e eficiência energética, disse Emily Carter, professora de energia e do meio ambiente da Universidade de Princeton. "Se não investirem em formas de produzir eficientemente energia sustentável", disse ela, "então, eu me preocupo que, uma vez que pararmos de importar do Oriente Médio, nós, simplesmente, passaremos a importar da China."


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