São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Cidade do sexo quer atrair outro tipo de turismo

Por THOMAS FULLER

PATTAYA, TAILÂNDIA - Entre as ruelas estreitas repletas de bares com mulheres bonitas e uma praia povoada pelo que os tailandeses chamam eufemisticamente de "mulheres de serviço", alguns sinais de mudanças são visíveis em Pattaya.
Casais indianos, grupos de turistas chineses e famílias russas passeiam pela cidade. Uma dúzia de hotéis de luxo recebe hóspedes tailandeses ricos que se misturam aos turistas em um shopping center. Hoje, a cidade possui restaurantes elegantes, um festival de música e torneios regulares de polo.
Pattaya foi durante muito tempo tachada de cidade do pecado, mas hoje procura respeitabilidade.
Situada a duas horas de carro de Bangcoc, Pattaya era pouco mais que uma vila de pescadores quando, quatro décadas atrás, soldados americanos que combatiam na Guerra do Vietnã descobriram sua baía límpida, repleta de corais. Dezenas de milhares de soldados solitários, armados com dólares, buscaram refúgio temporário da guerra em um país de relativa pobreza, policiamento frouxo e atitude historicamente tolerante em relação à prostituição.
Para sobreviver à partida dos soldados americanos, Pattaya investiu no turismo sexual. Homens compõem cerca de 60% dos estrangeiros que visitam a Tailândia. Na vizinha Cingapura, cumpridora das leis, a proporção é de 52% de turistas homens.
Nos últimos anos os gerentes de hotéis descobriram que, não obstante as piadas sobre setores de atividade econômica supostamente imunes à recessão, depender fortemente de uma clientela masculina ocidental era contra-indicado em um momento de recessão nos Estados Unidos e Europa.
Hoje, as agências de turismo buscam ativamente atrair visitantes da China e Índia, países cujas economias estão em ascensão.
O governo está incentivando a mudança na imagem de Pattaya, desenvolvendo um plano mestre de US$ 1 bilhão para a cidade. O plano inclui um monotrilho para ajudar a reduzir o tráfego nas ruas engarrafadas, uma área de frente para o mar redesenhada e um trem de alta velocidade interligando a cidade a Bangcoc. O plano aguarda agora a aprovação do gabinete tailandês.
Também a polícia diz que está se esforçando para limpar a imagem da cidade.
"Há quem diga que Pattaya é o paraíso dos bandidos", disse o coronel Atiwit Kamolrat, diretor da polícia de imigração. "Mas agora será impossível os bandidos se esconderem aqui." Atiwit diz que, desde o início do ano, a polícia já prendeu 12 criminosos estrangeiros que estavam escondidos em Pattaya.
Aqui na própria Pattaya, porém, muitos questionam se a cidade poderá mesmo ser saneada algum dia.
"Pensávamos que Amsterdã fosse a capital sexual do mundo", comentou a turista Olga Bidenko, 28 anos, da Ucrânia. "Hoje, porém, depois de vir para cá, acho Amsterdã uma cidade perfeitamente respeitável."


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