São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA - GADGETS

Ultrapassado, netbook cai no esquecimento

Paul Sakuma/Associated Press
Lançados em 2008, os netbooks viraram febre, mas logo foram suplantados por equipamentos menores e mais rápidos

Por STEVE LOHR

Lembra-se da Última Grande Novidade na informática? Você estará perdoado se tiver esquecido que foi o netbook, um laptop pequeno nas dimensões e no preço, cerca de US$ 300. Hoje, a febre são os "tablets" como o iPad, da Apple, e seus concorrentes de marcas como Dell e Hewlett-Packard. Mas, em 2009, os netbooks eram vistos como a força que poderia alterar a economia do setor e abalar líderes como Intel e Microsoft.
Não foi bem assim. As vendas de netbooks foram meteóricas em 2009, octuplicando nos EUA e chegando a 7,5 milhões, e triplicando no mundo para atingir 34 milhões. Os netbooks continuam bem em mercados mais preocupados com o preço, como os da China e América Latina, e nas vendas para escolas. Mas o crescimento estancou em 2010.
Nas festas de fim de ano, as vendas de netbooks no varejo dos EUA caíram 38% em relação ao ano anterior, segundo a empresa de pesquisas NPD. A história do netbook oferece lições para o mundo real a respeito de inovação, estratégia de negócios e marketing.
Até certo ponto, a novidade -o iPad- superou o que não era tão novo -os netbooks. Mas, segundo analistas, o "tablet" é só parte da explicação. As vendas de netbooks, dizem eles, já estavam se desacelerando antes mesmo que o iPad começasse a ser vendido, em abril. E os produtos não são propriamente concorrentes; um deles é todo eficiência, sem frescuras; o outro tem seu apelo no luxo, e custa pelo menos US$ 500.
O mais provável é que os fabricantes de netbooks tenham vendido demais um produto que rendeu de menos. Nos Estados Unidos, segundo analistas, os entusiastas de novas tecnologias ajudaram a impulsionar a febre do netbook, atraídos por sua leveza e preço baixo. Mas os primeiros compradores tendem a ser exigentes. Os netbooks eram PCs "fracos", com desempenho lento e incapazes de rodar vários softwares.
"A sedução foi a informática ultraportátil e a preço baixo, mas os consumidores descobriram que havia muita coisa a abrir mão", disse A. M. Sacconaghi, analista da Sanford C. Bernstein & Company. "Afinal, ele ficou devendo."
Há décadas, se fala em um computador pessoal muito barato e portátil. Mas o ímpeto que levou ao desenvolvimento dos netbooks atuais veio de fora do setor estabelecido. Nesse caso, foi uma ONG, a One Laptop Per Child [um laptop por criança], que, em 2005, declarou sua intenção de fabricar computadores de US$ 100 para crianças de países pobres, sem usar as tecnologias da Intel e Microsoft, dominantes, respectivamente, nos mercados de chips e softwares. Era um risco -e ainda é-, com os robustos laptops infantis custando cerca de US$ 200. Mas era uma ideia sedutora, que estimulou o setor a repensar seus designs e preços.
Um resultado foi queda acentuada no preço dos notebooks. Em 2005, os laptops custavam cerca de US$ 1.000. Hoje, o preço médio está em torno de US$ 465.
"Tivemos um impacto em todo o setor ao ajudar a reduzir os preços", disse Mary Lou Jepsen, ex-diretora de tecnologia da One Laptop Per Child. "Mostramos que a inovação pode vir de baixo."
Em geral, segundo analistas, os netbooks ampliaram o mercado da informática, em vez de reduzirem as vendas de notebooks. E a Intel e a Microsoft conseguiram se adaptar ao desafio do netbook, assimilando-o, contendo-o e preservando seus lucros. Embora as vendas estejam em queda, o negócio dos netbooks está longe de ter morrido. A firma de pesquisas IDC prevê que mundialmente as vendas cairão cerca de 7% em 2011, mas ainda assim ficarão em 32,9 milhões de netbooks, ou quase 10% do mercado de PCs.
A redução dos custos significa que os notebooks de US$ 1.000 serão extintos? De jeito nenhum, disse John Taylor, diretor de marketing da AMD. Mas as máquinas mais caras, afirmou ele, terão de atingir novos horizontes da informática. Recursos de inteligência artificial -como computadores que entendem a fala, os gestos e as expressões faciais- podem se tornar parte do cotidiano da informática, segundo ele. Você fala com o computador ou o orienta com gestos, enquanto faz o café da manhã, por exemplo. "Você finalmente transforma a interface do usuário, entre outras coisas", disse Taylor.


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