São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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ENSAIO

SYLVIA ANN HEWLETT

As vantagens do horário de trabalho flexível

Três anos atrás, eu examinei o que chamo de empregos "radicais", cargos que exigem que a pessoa trabalhe mais de 60 horas por semana e enfrente uma série de pressões. Os resultados foram notáveis.
Esses empregos se tornaram surpreendentemente generalizados nos EUA. Em grandes corporações, por exemplo, quase a metade dos funcionários de alto escalão tinha empregos radicais.
Vale salientar que, na época -no clima efervescente e expansivo de 2006-, os empregos radicais tinham uma vantagem: os esforços sobre-humanos eram recompensados com bônus enormes. Essa vantagem diminuiu, mas não a desvantagem. Enquanto contracheques luxuosos murcharam na recessão dos EUA, o tempo ficou ainda mais apertado.
As semanas de trabalho mais longas e o desaparecimento dos horários flexíveis foram especialmente duros para as mulheres. Os homens foram prejudicados desproporcionalmente pelas demissões nesta crise, e as mulheres não tiveram opção senão trabalhar mais.
Um certo alívio está chegando para ambos. Se há um lado positivo na recessão, é que as empresas inteligentes estão começando a transformar o tempo em uma ferramenta para atrair, manter e envolver pessoas altamente talentosas, dos dois sexos.
Em janeiro, a gigante da contabilidade KPMG, na tentativa de economizar na folha de pagamentos sem perder empregados valiosos, lançou o programa "Futuros Flexíveis", que ofereceu a 11 mil profissionais nas operações britânicas da KPMG as seguintes opções: uma semana de trabalho de quatro dias com um corte de 20% no salário; miniférias com pagamento de 30%; as duas opções combinadas; ou os funcionários podiam manter seu horário atual.
O programa teve sucesso. Mais de 80% dos funcionários da firma (homens e mulheres) foram voluntários para adotar uma das opções flexíveis. Isso permitiu que a KPMG mantivesse os empregos enquanto cortava os custos.
É uma boa notícia para as mulheres. Mães e filhas muitas vezes pagaram um alto preço pelo "tempo paradas". Uma profissional que voluntariamente deixa o emprego por alguns anos para cuidar de um filho ou de um parente idoso pode perder 18% de seu poder de ganho durante a vida, segundo minha pesquisa.
Quando uma mãe dona de bom desempenho profissional pode reduzir sua jornada de trabalho para quatro dias e ser honrada por essa opção, em vez de demitida, é sinal de que estamos rumando para um futuro diferente.


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