São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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Do bolso aos palcos, iPhone dá o tom em nova orquestra

Por CLAIRE CAIN MILLER e MIGUEL HELFT

Um silêncio de expectativa recaiu sobre a plateia quando o diretor do conjunto de câmara, Ge Wang, apareceu e pediu que todos desligassem seus celulares. Os sete músicos, vestidos de preto, se apresentaram e se posicionaram em um círculo.
O condutor levantou as mãos. Ergueu-se um som baixo de zumbido, como se o conjunto de câmara estivesse afinando instrumentos. Então os músicos começaram a girar os braços em círculos amplos, criando ondas ascendentes e descendentes de som eletrônico.
A apresentação da Stanford Mobile Phone Orchestra (Orquestra de Telefones Celulares de Stanford), no último dia 3, usou o mais incomum dos instrumentos: iPhones da Apple, amplificados por alto-falantes instalados em luvas sem dedos.
Às vezes os sons eram do outro mundo. Às vezes imitavam gotas de chuva, cantos de pássaros ou o tráfego nas avenidas. Em uma das peças, dois instrumentistas sopraram em seus telefones para agitar sinos virtuais. Em outra, os instrumentos assumiram personalidades baseadas no tom, no volume e na frequência das notas.
Desde os primeiros dias do iPhone, aplicativos que imitam instrumentos musicais estão no topo das listas de downloads. Mas a Orquestra de Telefones Celulares de Stanford, com suas composições de vanguarda e interpretações eletrônicas de canções populares como "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin, está tentando ampliar as fronteiras do campo da música de computador.
Ge Wang, professor-assistente de música e líder do grupo de Stanford, criado há dois anos, diz que o iPhone talvez seja o primeiro instrumento -eletrônico ou acústico- que milhões de pessoas carregarão nos bolsos. "Não posso levar meu piano ou violoncelo a qualquer lugar, mas tenho meu iPhone o tempo todo."
Wang disse que gostaria de democratizar o processo de fazer música, de modo que qualquer um com um celular possa se tornar músico. "As pessoas são inerentemente criativas", disse.
Para atingir esse objetivo, ele ajudou a fundar a companhia de software Smule, que faz aplicativos que transformam iPhones em simples instrumentos musicais.
Stephen Tramontozzi, que ensina no Conservatório de Música de San Francisco e toca baixo duplo na sinfônica local, questiona se os instrumentos do iPhone podem afetar uma plateia da mesma maneira que as vibrações de instrumentos tradicionais.
"A reação dos instrumentos tradicionais é tão sutil ao movimento e às sensibilidades do que está sendo tocado que pode expressar muito mais e ser mais emocionante do que algo que produz um som eletronicamente", disse.
A orquestra de Stanford estuda o potencial de instrumentos mais complexos para o iPhone, ampliando os limites da música que pode ser feita com eles. Wang espera algum dia apresentar um concerto com músicos amadores de todo o mundo tocando seus iPhones ao mesmo tempo. "Um concerto em qualquer lugar a qualquer momento", disse.


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