São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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A mudança inclui também a decoração

Por PENELOPE GREEN

Desde que a primeira-dama Mary Todd Lincoln estourou o orçamento para a decoração da Casa Branca em US$ 6.700 -um terço da verba disponível-, enfurecendo seu marido Abraham (1861-65) e fazendo a alegria dos jornalistas que não gostavam dela, a aparência do lar presidencial é um campo minado em termos de relações públicas. Alguns novos governantes se esgueiram ilesos; outros são menos hábeis.
A equipe de transição de Barack Obama não respondeu às perguntas sobre os planos da família nesse sentido, então podemos apenas especular sobre como os Obamas deixarão seu estilo marcado na Casa Branca.
Talvez, como sugeriu o humorista Andy Borowitz recentemente, eles sigam o padrão que o presidente eleito estabeleceu para as nomeações ministeriais. "Em vez de um só decorador, haverá oito: quatro republicanos e quatro democratas, sendo que um não suporta o outro, e [Obama] mandará que cada um faça um cômodo."
O Congresso destina US$ 100 mil para as adaptações domiciliares de cada novo governo. Caso os Obamas gastem além -e a maioria das primeiras-famílias gasta-, terão de recorrer a doações privadas para arcar com despesas adicionais que sejam feitas na ala reservada do palácio. Além disso, não podem mudar nada nas alas públicas sem a aprovação de uma comissão de especialistas em conservação do patrimônio.
E seria sábio da parte deles lembrar que as aparências importam: o Salão Oval decorado em tons terra, na época de Jimmy Carter, parecia uma solução caseira e triste (não importa que a escolha tenha sido do antecessor Gerald Ford e que Carter estivesse poupando dinheiro ao não redecorar o gabinete); o custo das porcelanas de Nancy Reagan (US$ 210.399) foi tido como extravagante (embora tenham vindo de uma doação particular e fossem consideradas necessárias -até então, os banquetes oficiais eram servidos com peças díspares, porque não havia um jogo suficientemente grande).
A Casa Branca da família Kennedy era francesa demais; a dos Clintons, Arkansas demais. Na história recente, só os sofisticados presidentes Bush (o 41° e o 43°) escaparam das ironias quanto à decoração.
Observadores de Washington, como Arianna Huffington, não prevêem ciladas decorativas para Obama e sua família, apenas mais um "momento de aprendizado" para todos nós. "Já houve muitos deles com os Obamas, como aprender a se dar bem com a sogra e a não guardar rancores", disse Huffington. Ela imagina cortinas de algodão orgânico e produtos de limpeza não-tóxicos.
Já Borowitz se pergunta se Michelle Obama não deveria "pegar aquele vestido [usado na festa] da vitória e forrar um sofá com ele". "Ao lhe dar um novo propósito, ela demonstraria como é parcimoniosa", disse.
"Dinheiro é importante", prosseguiu ele. "Tenho certeza de que alguns outros líderes que perderam seus empregos de presidente em outros países estão colocando suas coisas no [site de classificados] Craigslist. Se Hugo Chávez for derrotado, talvez eles possam ficar com as coisas dele."


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