São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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TENDÊNCIAS MUNDIAIS

CARTAS AO INTERNATIONAL WEEKLY

'Pontes sobre o abismo'
Embora eu tenha achado interessante a análise feita por Roger Cohen do acordo fechado pelo Irã com a Turquia e o Brasil ("Le Figaro", 21 de maio), não entendi sua visão da conduta do Irã: "O posicionamento é um agravante para o Ocidente, mas, neste caso, isso não importa...".
De minha parte, enxergo uma tática perniciosa da parte do Irã -para além de objetivos econômicos- para ganhar legitimidade aos olhos de outros países e com a ajuda de outros Estados. Nesse aspecto, o Irã difere da Coreia do Norte, que cultiva seu isolacionismo e não quer nada exceto ser temida.
E essa falsa pose, que visa ganhar reconhecimento e credibilidade no palco mundial, se choca com o papel virtuoso que esperávamos da Turquia e do Brasil, aliados inesperados e complacentes do Irã. Contudo, apesar dessa decepção, como podemos repreendê-los por qualquer coisa se eles exercerem seu papel de guardiões do Irã? O Irã quer se tornar respeitável de certa maneira e a qualquer custo.
Denis Riquier
Neuilly-sur-Seine, França

'Os invisíveis de Oujda'
A coluna "Inteligência" de Matthew Carr (2 de maio no "The Observer") culpa a Europa pela maré imensa de africanos atolados em Marrocos, devido a nossas fronteiras reforçadas, mas deixa de mencionar os seguintes pontos: 1. Os EUA estão fazendo exatamente a mesma coisa em sua fronteira sul. Eu diria que isso é hipocrisia em grande escala.
2. A densidade demográfica do Reino Unido é quase a mais alta do mundo, com 800 pessoas por milha quadrada. Os EUA têm só 80.
3. Vocês estão dizendo que a União Europeia criou a situação africana caótica? EUA e Rússia inundaram a África de armas durante a Guerra Fria, tentando abocanhar a parcela maior dos recursos naturais após a partida dos europeus. Agora, os chineses estão fazendo o mesmo.
Apesar das atrocidades do holocausto belga no Congo e, mais tarde, do holocausto em Ruanda, os britânicos pelo menos tentaram deixar para trás sociedades democráticas modernizadas com sistemas judiciários e econômicos, antes de os países africanos reverterem às guerras tribais, arquitetadas por líderes corruptos empoderados pela assistência externa.
Patience Gent
Pembrokeshire, País de Gales

'Plágio para todos'
Sempre tenho prazer em ler as colunas de Roger Cohen e apreciei especialmente "Plágio para todos" ("La Repubblica", 10 de maio), que chama a atenção para uma questão realmente importante.
Não só o plágio não é novidade, como penso que a "erosão da prória consciência de distinção entre originalidade e plágio" tem um ancestral nobre: o conto "Pierre Menard, Autor do Quixote", de Borges.
É claro que a intenção de Borges era que sua história fosse paradoxal, e seu âmbito ultrapassou o conceito de plágio, buscando chegar ao cerne do "significado".
Acho que ele foi o primeiro a analisar a questão do plágio sob essa ótica. O problema é mais urgente hoje do que jamais foi. E o problema para o futuro é ainda mais preocupante.
Mas o papel dos grandes artistas (e colunistas?) é levantar perguntas, não dar respostas.
Paolo Gangemi
Roma, Itália

Texto impresso e nostalgia
Desejo felicitar o editor pela seleção de tópicos apresentados toda segunda-feira no [jornal austríaco] "Der Standard".
Como antigo estudante de intercâmbio nos EUA, nos anos 1952-53, devo uma parte importante de meu viés e atitude pessoais em relação às questões sociais e econômicas -todas, em última análise, políticas- a esse período de minha vida.
Não preciso mais fazer uma viagem oceânica no Queen Mary I, nem uma viagem aérea no Lufthansa Super Constellation, fazendo escala em Shannon, na Irlanda, para ter uma ideia de o que está acontecendo nos EUA. Está tudo na internet. No entanto, o texto impresso rende impressões melhores e deixa um traço de nostalgia.
Friedrich Haas
Villach, Áustria



Ocasionalmente, cartas de leitores de todo o mundo são publicadas no "International Weekly". Leitores da Folha podem enviar comentários para nytweekly@nytimes.com


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