São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Rumo a um combustível da madeira

Água pressurizada é usada para tirar energia da biomassa

Por MATTHEW L. WALD Uma empresa de Kennesaw, na Geórgia, diz ter superado um importante obstáculo na tarefa de transformar resíduos agrícolas em combustível e outros produtos químicos, usando para isso uma tecnologia experimental que emprega água comprimida e em altíssimas temperaturas.
Essa empresa, chamada Renmatix, inaugurou no final de setembro um centro de pesquisa e desenvolvimento a cerca de 30 km de Pensilvânia, perto do coração da indústria química americana, a fim de completar o desenvolvimento do processo. A meta é obter algo que muitas empresas tentaram sem sucesso nos últimos anos: comercializar uma tecnologia que aproveite a biomassa de celulose -lascas de madeira, gramíneas e as partes não comestíveis das lavouras.
Se funcionar, a tecnologia pode reduzir a dependência dos EUA em relação ao petróleo importado. O mercado para isso está garantido porque o Congresso americano estabeleceu quotas para o consumo de combustível de celulose, mas até agora ele praticamente não é produzido.
Além disso, a oferta de biomassa é bem superior à quantidade de milho disponível para a fabricação de etanol, e ela não exige que muitos recursos sejam tirados da produção de alimentos.
A celulose é composta basicamente por açúcares que podem alimentar micro-organismos para gerar etanol, ou serem processados para gerar outros combustíveis ou rações químicas.
Mas esses açúcares ficam retidos em uma forma que os torna inúteis para qualquer coisa, exceto o consumo por vacas e cupins. O processo desenvolvido pela Renmatix envolve a colocação de madeiras rígidas em uma pequena câmara pressurizada. Uma classe de açúcares, com cinco átomos de carbono, é quebrada e recolhida.
O restante do material é bombeado para um segundo compartimento pressurizado, durante um período mais longo, para liberar os açúcares restantes.
Um componente sólido da biomassa de madeira, chamado lignina, permanece e é queimado para fornecer energia ao processo. Em ambas as fases, o material é tratado com água sob pressão e temperatura altíssimas.
Concorrentes utilizam várias combinações de vapor, ácido e enzimas para converter os resíduos lenhosos em combustível. Mas as enzimas são muito mais caras do que a água, e um resíduo ácido precisa ser removido do produto resultante. Essas empresas têm tropeçado na hora de ampliar a escala e alcançar preços competitivos.
A Renmatix iniciou no final de 2008 seu processo em escala laboratorial. Um ano depois, começou a operar em Kennesaw uma usina-piloto que processa três toneladas diárias de lascas de madeira.
"Não é inimaginável que funcione", disse Thomas Richard, professor de engenharia agrícola da Universidade Estadual da Pensilvânia. "Mas, eles enfrentarão alguns desafios ao passarem de um sucesso no laboratório para uma refinaria comercial".


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