São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2001

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Corda bamba

Poucos temas foram tão comentados durante a semana como a demissão da apresentadora Soninha da TV Cultura por causa de reportagem da revista "Época" sobre "celebridades" que fumam maconha.
Embora discorde da medida discriminatória e precipitada da emissora -acerta o editorial da Folha de quinta-feira ao dizer que ela não foi "muito pedagógica"-, o que mais interessa destacar, aqui, é a relação entre a vida privada do jornalista e sua figura pública veiculada em meio de comunicação.
Soninha não fez apologia da droga. Além disso, deve ser respeitado seu direito de expressão.
Mas, como apresentadora de programa para jovens, talvez devesse ter-se preocupado mais do que o fez com o tratamento que se daria à reportagem e com possíveis desdobramentos.
Pois há momentos em que a figura do jornalista se confunde com a do veículo de comunicação (a Folha nada faria, por exemplo, se um repórter de política declarasse seu voto em meio a uma campanha eleitoral?).
Se a intenção era abrir debate sobre o uso da maconha -debate necessário-, por que não fazer com que ele se desenvolvesse no próprio programa que apresentava?
A impressão é que, nesse caso, a pessoa se sobrepôs à profissional -e ambas pagaram, em excesso, por isso.
Acerta a Folha ao manter Soninha como colunista, embora falhe ao não dar explicação clara a seus leitores.
Nesse aspecto, melhor é a atitude transparente da ESPN, onde Soninha também trabalha, cuja nota sobre o caso diz que a emissora "não julga seus profissionais por opiniões e condutas pessoais".



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