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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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"Olhar brasileiro"

Mandei ao repórter Sérgio Dávila, enviado especial a Bagdá, perguntas sobre o seu trabalho. As respostas, a seguir, ilustram as condições dessa cobertura e um pouco de seus "bastidores":
Pergunta - Qual a maior lição de investigação jornalística tirada nesses dias?
Sérgio Dávila -
Não vale a pena se pautar pelos limites impostos por uma situação (neste caso, a tentativa de controle do governo iraquiano), mas sim tentar se pautar apesar desses limites.
Pergunta - Como é a relação com os outros correspondentes?
Dávila -
O jornalista não é o profissional mais unido e gregário do mundo, nem em guerra. Acho que é da natureza da profissão, cujo moto é a busca da informação exclusiva (que não pode ser compartilhada). Mas até que há certa solidariedade, pelo menos em questões de segurança.
Pergunta - Qual é sua prioridade numa cobertura que já tem tantas agências e TVs?
Dávila -
Dar o olhar brasileiro, e portanto exclusivo, a um assunto que já vinha sendo exaustivamente coberto.
Pergunta - Como se expressa a pressão da guerra de informações? Como você se previne para não ser manipulado pelo seu jogo?
Dávila -
Ambos os lados desqualificam as informações do outro lado o tempo todo, muitas vezes com argumentos bem embasados. O jeito que tenho achado é ouvir o que diz o governo iraquiano, contrapor ao que dizem seus críticos (EUA e Reino Unido, mas também iraquianos mais corajosos) e tentar achar um mínimo de verdade no meio disso.
Pergunta - Você revelou o caso de um ferido "hospitalizado" que saiu de carro logo após uma coletiva e também, com foto de Juca Varella, que um prédio oficial fora atingido por um míssil, fato omitido pelo governo iraquiano. Como conseguiu isso?
Dávila -
Fomos levados ao hospital pelo governo, que monitorou a visita. Na hora de ir embora, nós dois atrasamos, até perder o ônibus. Com isso, acabamos podendo agir livremente até que alguém desse por nossa falta. No segundo caso, contamos com a ajuda do nosso motorista, um dos iraquianos corajosos de que falei antes. Ele é bem pago por nós, sim, mas também não tem medo de fugir um pouco do esquema oficial.


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