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Esqueçam o que escrevemos
(Na íntegra, segue nota da
minha crítica da quarta-feira.)
Título do alto da pág. B6:
"Vale desiste de comprar mineradora Xstrata". Não houve
chamada na primeira página
("Valor" e "Estado" deram),
nem na Folha Corrida, que se
configura como espécie de segunda capa (o "Globo" veiculou chamada na pág. 2).
Título do alto da pág. B3 da
Folha em 14 de março: "Vale
fica mais perto de comprar a
Xstrata". Trecho da linha-fina:
"Anúncio pode ocorrer hoje".
Naquele dia, houve chamada de primeira página para a
iminência do negócio.
Hoje: "Segundo Agnelli
[presidente da Vale], a aquisição não prosperou porque as
empresas não chegaram a um
acordo sobre qual delas iria
controlar a comercialização
dos produtos -e não por causa
do valor da compra".
No dia 14: "Tal barreira
[quem iria controlar a "comercialização" dos produtos] teria
sido superada, com a Vale
abrindo mão do direito de venda de parte da produção".
Hoje: "Havia receio no mercado de que a aquisição resultasse em um aumento do nível
de endividamento da empresa, o que poderia, em última
instância, comprometer o
grau de investimento concedido por agências de classificação de risco".
Doze dias atrás, descreveu-se a opinião do mercado acerca da "capacidade de manter o
grau de investimento": "Agora, acredita-se que [a Vale]
conseguirá o mesmo [sucesso
de negócio anterior, com a dívida refinanciada] na provável
aquisição da Xstrata".
Em negociações, há passos à
frente e atrás; o cenário pode
mudar. O "olhar" do mercado
também muda. O jornalismo
não tem como acertar sempre;
às vezes, erra. O que a Folha
devia hoje, no entanto, era um
relato sincero e transparente
sobre o que mudou.
O jornal estava certo no dia
14? Qual foi o bastidor, então,
na reviravolta nas conversas?
Não há balanço, não há memória do "furo".
A Folha deve satisfações
aos seus leitores.
(Neca de satisfação: na
quinta-feira, o jornal contradisse de novo seu "furo" do dia
14, "esquecendo-o": "Xstrata
seria risco para a Vale, dizem
analistas". Não ouviu vários
"analistas", mas só um, de corretora. O engano na cobertura
da compra frustrada deu a impressão de que a Folha confiou demais em fonte interessada. Perguntei, mas a Redação não quis responder sobre
seu desempenho.)
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